São Paulo, quarta-feira, 21 de julho de 2010 | |
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BIOLOGIA ISMAEL FERNANDES DE ANDRADE ismaelf.andrade@yahoo.com.br Maré negra
UMA COMBINAÇÃO PERVERSA de erros humanos e problemas técnicos determinou um dos piores acidentes ambientais do mundo. Hoje completa três meses que a plataforma Deepwater Horizon explodiu no Golfo do México e o derramamento de óleo ainda não está controlado mesmo depois de várias tentativas. Enquanto a empresa British Petroleum (BP) fala em vazamento em torno 5 mil barris por dia, algumas entidades governamentais e não-governamentais dos Estados Unidos estimam desde 12 mil até 60 mil barris por dia. Mesmo considerando a medida da BP, chegaríamos em 450 mil barris. Felizmente esse volume não foi derramado em um único momento e parte dele foi coletado ou queimado. As imagens chocantes da mídia mostram aves, tartarugas e peixes cobertos por óleo. Sabemos do prejuízo que isso pode acarretar: aves não conseguem voar, peixes não conseguem respirar e todos eles podem morrer intoxicados. O apelo da mídia em relação aos vertebrados chama muito mais atenção do que animais invertebrados que sofrem igualmente. Os moluscos, crustáceos, equinodermos, poliquetos, cnidários e outros também enfrentam as mesmas dificuldades na respiração e obtenção de alimento saudável com a maré negra. A base das cadeias alimentares também está ameaçada. O fitoplâncton não recebe tanta luz devido ao aumento de turbidez, isto é, à menor transparência na água. Isto pode diminuir a produtividade primária, a fotossíntese. A comunidade pode ter problemas com os hidrocarbonetos que afetam o seu metabolismo. A BP e o governo norte-americano estudam criar um fundo de US$ 20 bilhões para indenizações. O turismo na região já sofre, assim como a atividade pesqueira. Entretanto, nem todos reclamam. Barack Obama proibiu por mais seis meses a prospecção de petróleo em águas profundas na costa de seu país. A União Europeia discute se também tomará a mesma decisão. Especialistas dizem que a Petrobras pode vir a adquirir plataformas que estão ociosas por um preço interessante. Boa notícia nesses tempos de pré-sal. Para nós, o que resta é torcer para que um acidente como esse nunca mais ocorra, em especial, na costa brasileira. ISMAEL FERNANDES DE ANDRADE é bacharel em ciências biológicas pela USP, professor do Stockler, do COC-SBC e do Anglo-Mogi.
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