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VALE A PENA SABER
QUÍMICA
Uma reação muito quente
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Meia-noite. Agentes secretos invadem a embaixada inimiga. Tudo parece bem.
Logo eles encontram o cofre.
Mas, quando o abrem... Fogo!
O intenso calor queima tudo.
Não sobra nada." Cena de cinema? Não mesmo. Esse "truque" é realmente utilizado, e
uma simples reação química
explica tudo. Seus reagentes
são, acredite, ferrugem e alumínio! Vamos entender?
Como você sabe, poucos metais são encontrados puros na
natureza. Muitos aparecem
combinados, por exemplo,
com o oxigênio, como o ferro
-freqüentemente encontrado
na forma de hematita
(Fe2O3)- e o alumínio (como
bauxita, Al2O3). Quando os metais se combinam com o oxigênio, eles perdem alguns de seus
elétrons para esse elemento e
transformam-se em cátions.
Nessa situação, dizemos que
esses metais estão oxidados.
O alumínio é um dos metais
que apresentam uma das mais
fortes tendências a sofrer oxidação (mais do que o ferro).
Assim, ao colocar um pouco
dele (Al0) em contato com hematita (pode ser ferrugem),
podemos dizer que o alumínio
"rouba" oxigênio dela: 2 Al0 +
Fe2O3 Al2O3 + 2 Fe0. Além dos
reagentes, precisamos apenas
de uma fita de magnésio que,
ao queimar, fornece a energia
de ativação que inicia o processo (da mesma maneira que riscar um palito de fósforo libera
o calor necessário para que se
inicie sua combustão).
A reação funciona como se o
alumínio estivesse querendo
voltar a ser bauxita. A "vontade" desse metal de sofrer a oxidação se reflete na enorme
quantidade de calor liberada.
Sabe qual a temperatura atingida? 2.200C!! Não sobra nenhum documento inteiro, né?
Nem o ferro agüenta! Como
ele funde a 1.530C, forma-se
ferro líquido. Por esse motivo,
essa reação (a termita) acaba
tendo outras utilidades, como
soldar trilhos de trem. Em
qualquer lugar pode-se montar
um aparelho bem simples que
derrame o ferro líquido sobre
os trilhos. À temperatura ambiente, o metal fundido solidifica sobre eles, soldando-os. De
uma maneira mais controlada,
essa reação pode até ser usada
para aquecer a marmita de soldados em combate!
Agora, se você vir os ladrões
do início desse texto apagando
o fogo da termita com água, aí
sim é coisa de cinema. É que o
calor liberado é tanto que a
água seria decomposta por ele,
gerando o altamente explosivo
gás hidrogênio (H2). Seria uma
péssima idéia...
Luís Fernando Pereira é professor
do curso Intergraus e coordenador
de química do sistema Uno/Moderna.
E-mail: lula7@terra.com.br
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