São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004
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GEOGRAFIA

Fluxos migratórios

EDER MELGAR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na pauta de exportações do Brasil, produtos como a soja, os aviões, os minérios de ferro e os automóveis têm grande destaque. No entanto, quando constatamos que as remessas de dólares realizadas por brasileiros que residem fora do país costumam superar o valor obtido pela maioria dos produtos comercializados no exterior -em 2002, só foram inferiores aos valores das exportações de ferro e de soja-, chegamos à conclusão que "exportar gente", pelo menos do ponto de vista contábil, pode também ser um bom negócio.
Adivinha qual foi, e continua sendo, o destino preferido desses emigrantes brasileiros? Caso você se lembre de notícias recentes sobre pessoas que morreram ao tentar ultrapassar a fronteira mexicana rumo ao norte e resolva responder que foram os Estados Unidos, acertará em cheio.
O Japão e o Paraguai empatam na disputa pelo segundo destino preferido dos brasileiros, seguidos depois pelos países da UE (União Européia).
Essa migração de brasileiros insere-se em uma lógica mundial em que fluxos migratórios oriundos dos países pobres ou menos desenvolvidos da América Latina, da Europa Oriental, da África e da Ásia, partem, no geral, rumo aos países mais ricos.
A razão é sempre a mesma: buscar de alguma forma uma qualidade de vida melhor.
O continente europeu é o campeão atual na capacidade de atrair fluxos migratórios e, quanto mais sobe a taxa de desemprego no "velho continente", mais indesejados são os imigrantes. Certamente porque são vistos por uma parcela da população local como concorrentes às novas oportunidades de emprego.
Não é à toa que vários países da União Européia criaram mecanismos para impedir que ocorra uma migração maciça a partir de alguns países mais pobres da Europa Oriental que ingressaram neste ano no bloco.
A livre circulação de pessoas, ou da mão-de-obra, não é mais tão sagrada entre os membros da UE.


Eder Melgar é coordenador de geografia do curso Intergraus


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