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ATUALIDADES
Turquia autoriza combate ao PKK
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Recentemente, o Parlamento da Turquia autorizou seu governo a invadir o Iraque para
combater os rebeldes armados
do Partido dos Trabalhadores
do Curdistão (PKK). A organização é considerada terrorista
por Ancara, pela União Européia e também pelo presidente
George W. Bush, que declarou
ao premiê turco, Recep Tayyip
Erdogan, que o PKK era "um
inimigo comum".
O PKK surgiu na Turquia no
final dos anos de 1970, com o
objetivo de garantir os direitos
fundamentais dos curdos, entre eles, o mais básico, o de utilizar seu próprio idioma. Em
solo turco, o povo curdo soma
15 milhões (20% do total da população), que ocupam a região
sudeste do país e representam a
fatia mais baixa da escala social,
com os maiores índices de
desemprego.
De orientação marxista-leninista, o PKK reivindica a criação de um Estado curdo independente, o Curdistão, território com uma área superior a
520 mil km2 -semelhante ao
território da França- abrangendo áreas na fronteira da
Turquia, Iraque, Irã, Síria e
partes do Azerbaijão e da Armênia. Sob a liderança de Abdullah Ocalan, líder rebelde
preso e condenado à morte pelos turcos em 1999, que teve
sua pena transformada em prisão perpétua, o grupo deu início à luta armada contra o Estado turco em 1984.
Protegidos pela ocupação
militar dos EUA e beneficiados
com o fim da ditadura sunita
comandada por Saddam Hussein, os curdos do norte do Iraque vão, aos poucos, consolidando seu poder sobre essa região, que é rica em petróleo.
Para a Turquia, que pretende
ingressar na União Européia, a
perspectiva de um Estado curdo rico no país vizinho se converteu num pesadelo.
Ancara teme que a idéia de
criar um Estado independente
no Curdistão iraquiano faça
acender com vigor a chama do
nacionalismo curdo que, sob o
comando do PKK, venha alimentar movimentos separatistas na Turquia e ameaçar a estabilidade regional.
Tudo indica que cresce entre
os curdos o sentimento de que
o momento é oportuno para recusar a autonomia parcial ou a
tutela de turcos ou norte-americanos. Desprezados durante
todo o século 20 como um elemento descartável no intricado
tabuleiro comandado pelos interesses das potências européias, os seguidores do PKK estão decididos a rejeitar a nacionalidade turca, iraquiana ou
iraniana para sonhar com sua
futura pátria, onde poderão viver com liberdade segundo as
diretrizes da sua língua e da sua
cultura.
ROBERTO CANDELORI é professor do Colégio
Móbile
rcandelori@uol.com.br
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