São Paulo, terça-feira, 22 de janeiro de 2008
  Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ATUALIDADES

Turquia autoriza combate ao PKK

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Recentemente, o Parlamento da Turquia autorizou seu governo a invadir o Iraque para combater os rebeldes armados do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). A organização é considerada terrorista por Ancara, pela União Européia e também pelo presidente George W. Bush, que declarou ao premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, que o PKK era "um inimigo comum".
O PKK surgiu na Turquia no final dos anos de 1970, com o objetivo de garantir os direitos fundamentais dos curdos, entre eles, o mais básico, o de utilizar seu próprio idioma. Em solo turco, o povo curdo soma 15 milhões (20% do total da população), que ocupam a região sudeste do país e representam a fatia mais baixa da escala social, com os maiores índices de desemprego.
De orientação marxista-leninista, o PKK reivindica a criação de um Estado curdo independente, o Curdistão, território com uma área superior a 520 mil km2 -semelhante ao território da França- abrangendo áreas na fronteira da Turquia, Iraque, Irã, Síria e partes do Azerbaijão e da Armênia. Sob a liderança de Abdullah Ocalan, líder rebelde preso e condenado à morte pelos turcos em 1999, que teve sua pena transformada em prisão perpétua, o grupo deu início à luta armada contra o Estado turco em 1984.
Protegidos pela ocupação militar dos EUA e beneficiados com o fim da ditadura sunita comandada por Saddam Hussein, os curdos do norte do Iraque vão, aos poucos, consolidando seu poder sobre essa região, que é rica em petróleo. Para a Turquia, que pretende ingressar na União Européia, a perspectiva de um Estado curdo rico no país vizinho se converteu num pesadelo.
Ancara teme que a idéia de criar um Estado independente no Curdistão iraquiano faça acender com vigor a chama do nacionalismo curdo que, sob o comando do PKK, venha alimentar movimentos separatistas na Turquia e ameaçar a estabilidade regional.
Tudo indica que cresce entre os curdos o sentimento de que o momento é oportuno para recusar a autonomia parcial ou a tutela de turcos ou norte-americanos. Desprezados durante todo o século 20 como um elemento descartável no intricado tabuleiro comandado pelos interesses das potências européias, os seguidores do PKK estão decididos a rejeitar a nacionalidade turca, iraquiana ou iraniana para sonhar com sua futura pátria, onde poderão viver com liberdade segundo as diretrizes da sua língua e da sua cultura.


ROBERTO CANDELORI é professor do Colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br


Texto Anterior: Calendário
Próximo Texto: Fique por dentro: Inscrição para curso gratuito vai até dia 1º
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.