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POR UM FIO
Instituições promovem alterações que afetam alunos, como a obrigatoriedade da inscrição pela internet
Problema operacional muda vestibular
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Primeiro, foi a Fuvest, que em
2003 diminuiu sua primeira fase para apenas um dia. Agora, foi
a Unicamp, que mudou os critérios de correção da redação. A
próxima será a Unesp, que já prevê alterações para os próximos
anos. Para resolver problemas
operacionais e financeiros, os três
maiores vestibulares de São Paulo
estão tendo de mudar.
Fuvest, Comvest e Vunesp têm
tido dificuldade para fechar suas
contas, que são separadas das
universidades às quais estão ligadas. As receitas das três vêm apenas de inscrições e de parcerias
(propagandas nos manuais). Como elas não aumentavam as taxas
de inscrição havia três anos, as receitas não cresciam. Por outro lado, os custos, segundo os coordenadores, aumentaram gradativamente. Por causa disso, as três
reajustaram o valor das inscrições
para o próximo concurso (na Fuvest e na Unicamp, R$ 90).
O principal item que encareceu
os vestibulares, segundo os coordenadores, foi o crescimento do
número de isentos, que são bancados pelas instituições e não pelas universidades. Neste ano, a
Fuvest, que teve 158 mil inscritos
no último vestibular, vai oferecer
60 mil isenções da taxa.
Outro problema comum às três
é a dificuldade para corrigir as
provas, sobretudo as dissertativas, que não podem ser analisadas por máquinas. Quanto mais
candidatos, mais corretores são
necessários e mais difícil fica
manter os mesmos critérios para
dar notas. O custo da correção
também é um problema. Na Fuvest, por exemplo, cada corretor
ganha por volta de R$ 3.000, dependendo da matéria. Quanto
mais corretores, mais gasto.
Unicamp
Tendo fechado o seu último vestibular com um déficit de R$ 200
mil e com dificuldades para analisar 50 mil redações a tempo -e
mantendo um parâmetro único
para toda a banca-, a Unicamp
mudou o seu critério de correção
para o próximo processo.
Antes, todos tinham o texto
analisado. Agora, apenas quem
acertar pelo menos metade das
questões terá a redação corrigida.
Mas, em cada carreira, o índice de
acertos necessários deve variar, já
que serão corrigidos os textos de
um mínimo de seis e um máximo
de 12 candidatos por vaga.
"Nós queremos garantir a qualidade da correção e voltar a ter cerca de 15 mil redações para analisar. É impossível manter um parâmetro com muita gente", disse
Leandro Tessler, coordenador-executivo da Comvest, comissão
responsável pela prova.
Segundo ele, participaram do
último vestibular 132 corretores e
12 supervisores, trabalhando durante 15 dias. "Se aumentássemos
esse número, formariam sub-bancas e não garantiríamos uma
uniformidade. Foi uma forma de
mantermos nosso modelo." Além
de facilitar o trabalho de correção,
a diminuição proporcionará uma
redução nos custos. Com o mesmo intuito, a Unicamp passará a
fazer as inscrições apenas pela internet, o que deve proporcionar
uma economia de R$ 100 mil.
Fuvest
O déficit da Fuvest nos anos anteriores às mudanças de 2003 foi
responsável pela diminuição das
reservas da instituição para 60%
do necessário para aplicar um
vestibular em caso de emergência.
Depois de enxugar o quadro de
funcionários e reduzir a primeira
fase para um dia de prova, diminuindo os gastos com aplicação, a
Fuvest conseguiu acabar com o
déficit e recompor as reservas.
Mesmo a primeira fase sendo
composta de testes, havia dificuldade para processar os cartões a
tempo de divulgar os aprovados.
"Apesar de poder passar os cartões na leitora ótica, cerca de 3%
apresentavam inconsistências e
tinham de ser analisados por funcionários. Estava complicado fazer isso a tempo. Agora temos
uma semana a mais e metade dos
cartões", disse o coordenador do
vestibular, Roberto Costa.
Unesp
Apesar das dificuldades da
Unesp serem semelhantes às da
Fuvest e da Unicamp, as mudanças devem acontecer apenas a
partir de 2006. "Qualquer mudança teria de ser bem discutida
para não surpreender ninguém",
disse Fernando Dagnoni Prado,
diretor acadêmico da Vunesp.
Como a Unicamp, o modelo de
prova da Unesp atingiu um limite
operacional por causa do número
de provas para correção manual.
Como o vestibular é em fase única, todos têm a redação corrigida.
No ano passado, foram 90 mil inscritos. "O volume de correção
"braçal" é muito grande, o que demanda prazos e equipes maiores", afirmou Prado.
O problema é que o modelo não
comporta mais nem prazos nem
equipes maiores. Se o tempo de
correção aumentar, não será possível a divulgação da lista no tempo estipulado. Se as bancas aumentarem, será difícil manter um
critério único de correção.
A saída mais provável, segundo
Prado, será dividir o exame em
duas fases, o que diminuiria o número de provas e de redações.
Outra possibilidade é o retorno
de características antigas do exame da Unesp, como a prova de
conhecimentos específicos, que
hoje é dissertativa, voltar a ser feita na forma de testes.
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