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MÃO NO BOLSO
Despesas com faculdade vão além da mensalidade
MESMO CURSANDO FACULDADE PÚBLICA, O ESTUDANTE PRECISA INCLUIR VALOR DE MATERIAL, TRANSPORTE E ALIMENTAÇÃO
LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL
Colocar na ponta do lápis os custos de uma faculdade não é
uma tarefa das mais fáceis. Além
da matrícula e das mensalidades,
o aluno terá também despesas
com material, livros, transporte e
alimentação, entre outras.
Calculá-los será importante para não ter surpresas no futuro.
Depois de passar no vestibular, a
maior frustração seria a de descobrir que não tem condição para
pagar a faculdade. O importante é
lembrar que os cursos duram em
média quatro ou cinco anos.
Nem sequer a rede pública está
livre dos gastos extras. "Eu não sabia que o curso era tão caro assim", afirma Francine Coelho
Pinto, 19, aluna do segundo ano
da faculdade de odontologia da
USP. Segundo ela, há dificuldade
para planejar os seus gastos, porque a faculdade não informa com
antecedência de quais os instrumentos precisará para acompanhar o curso. "No primeiro ano,
recebemos no início do semestre
uma lista com mais de 40 itens de
coisas que precisávamos comprar. A despesa total -com espátula, espelhinho e algodão, entre
outros- somou aproximadamente R$ 500. Recentemente, tive
de comprar um aparelho que custa R$ 1.220." Para ela, as melhores
fontes de informação sobre os
gastos são os alunos que estão há
mais tempo fazendo o curso.
Segundo Francine, outra despesa que só foi percebida durante a
faculdade foram as refeições. Como o seu curso é integral, ela precisa fazer pelo menos uma refeição por dia no restaurante ou na
lanchonete da universidade.
O professor e diretor da faculdade de Direito da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), Dirceu de Mello, diz que o aluno deve
ficar atento para não comprar
mais livros do que o necessário.
"Na minha disciplina, por exemplo, que é direito penal, existem
dois tipos de estudante: aquele
que irá especializar-se no assunto
e aquele que assistirá às aulas porque elas compõem a grade curricular do curso." No caso do primeiro, ele recomenda que parte
dos livros e códigos penais sejam
comprados, pois serão uma ferramenta de trabalho no futuro. Para
o segundo, não há a necessidade
de comprar as obras. "Ele pode
perfeitamente acompanhar as aulas com anotações, xerox de trechos dos livros ou emprestar as
obras na biblioteca."
Ainda segundo Mello, como as
leis são modificadas periodicamente, os estudantes não precisam comprar os novos códigos de
direito, basta apenas tirar uma cópia daquilo que foi modificado.
"O que estamos notando nos últimos anos é que os estudantes se
têm organizado em grupos de
cinco ou seis pessoas para comporem uma biblioteca conjunta.
Cada um fica responsável pela
aquisição de uma obra, o que dilui
os custos", afirma José Henrique
Grossi, vice-presidente da CBL
(Câmara Brasileira do Livro).
Transporte
Quem pretende ir de carro para
a faculdade não pode esquecer-se
de somar as despesas com estacionamento. Na região da Faculdade de Medicina da USP, na avenida Dr. Arnaldo, ou da FGV
(Fundação Getúlio Vargas), na
avenida Nove de Julho, ambas no
centro de São Paulo, por exemplo,
dificilmente são encontradas vagas na rua. O estudante deve, portanto, somar um gasto mensal
que varia de R$ 60 a R$ 150.
Para cursar uma universidade
longe de casa, é preciso ficar atento a gastos como aluguel e alimentação. O aluno pode tentar uma vaga nos alojamentos do campus ou dividir um apartamento.
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