São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2006
  Próximo Texto | Índice

CÁLCULO DO ENEM

Nota extra já não é determinante

Universalizado, exame ajuda pouco nos vestibulares, mas pode atrapalhar quem não o faz

MÁRCIO PINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Garantir uns pontinhos extras no vestibular para ter vantagem na disputa pelas vagas em universidades públicas é o que busca boa parte dos estudantes que farão neste domingo o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Mas a universalização da prova, feita por mais de 85% dos candidatos que prestam os principais vestibulares de São Paulo, é apontada por especialistas como um dos motivos para que sua influência nos processos seletivos tenha se tornado pequena.
Neste ano, são 3.731.925 os estudantes inscritos no Enem, número recorde e 24% maior que o de 2005.
De acordo com Fernando Prado, diretor acadêmico da Fundação Vunesp, nos últimos anos, os alunos passaram a prestar o exame em maior número, principalmente os de escola pública. "Como resultado, o Enem contribuiu mais para elevar um pouco as notas dos candidatos que para alterar a lista de aprovados."
Na Fuvest, por exemplo, o número de candidatos com Enem saltou de 83.313, em 1999, para 144.900 no último vestibular, um aumento de aproximadamente 74%.
Para conhecer melhor o efeito Enem no processo seletivo, a Vunesp desenvolveu um estudo que mostra que apenas 3,42% dos ingressantes na Unesp neste ano seriam trocados se o exame não entrasse no cálculo. Na pesquisa, foram comparadas listas com e sem a nota do Enem.
A concorrida carreira de medicina, por exemplo, que não teve nenhum classificado sem Enem entre as 90 vagas oferecidas no campus de Botucatu, incluiria cinco candidatos desta categoria.

Nota de corte
De acordo com Fernando Prado, é alta a relação entre bom desempenho no Enem e no vestibular. Assim, os candidatos que vão bem no primeiro, considerado mais fácil, têm a sua nota aumentada em proporções similares e não saem em vantagem sobre seus concorrentes diretos, apenas sobre os que têm uma pontuação menor no Enem ou os que não fazem a prova.
O melhor desempenho faz também com que a nota de corte aumente. No vestibular da Unicamp do último ano, a nota média da primeira fase foi de 56,4 para os candidatos sem Enem, e de 61,3 para os com Enem. O desempenho refletiu diretamente na classificação final: 90% dos aprovados haviam pedido a incorporação. Segundo o coordenador-executivo do vestibular, Leandro Tessler, se o exame não ajuda muito, pode atrapalhar.
"Ninguém pode ter o luxo de não contar com o Enem. Está todo mundo tirando nota alta, e deixar de fazê-lo é abrir mão de parte da pontuação", afirma.
A ajuda dada na conquista de uma vaga no ensino superior é defendida pelo coordenador do Enem, Dorivan Ferreira. Ele diz acreditar que em todas as instituições que o adotam o exame tem beneficiado os estudantes e permitido uma democratização do ensino.
"O Enem serve em primeiro lugar para a auto-avaliação do aluno, e em segundo lugar como ajuda para o ingresso no ensino superior. Muita gente fica com chance de entrar em diversas instituições, não apenas naquelas da sua região."


Próximo Texto: Estudantes contam com pontos a mais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.