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CÁLCULO DO ENEM
Nota extra já não é determinante
Universalizado, exame ajuda pouco nos vestibulares, mas pode atrapalhar quem não o faz
MÁRCIO PINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Garantir uns pontinhos extras no vestibular para ter vantagem na disputa pelas vagas
em universidades públicas é o
que busca boa parte dos estudantes que farão neste domingo o Enem (Exame Nacional do
Ensino Médio). Mas a universalização da prova, feita por
mais de 85% dos candidatos
que prestam os principais vestibulares de São Paulo, é apontada por especialistas como um
dos motivos para que sua influência nos processos seletivos tenha se tornado pequena.
Neste ano, são 3.731.925 os
estudantes inscritos no Enem,
número recorde e 24% maior
que o de 2005.
De acordo com Fernando
Prado, diretor acadêmico da
Fundação Vunesp, nos últimos
anos, os alunos passaram a
prestar o exame em maior número, principalmente os de escola pública. "Como resultado,
o Enem contribuiu mais para
elevar um pouco as notas dos
candidatos que para alterar a
lista de aprovados."
Na Fuvest, por exemplo, o
número de candidatos com
Enem saltou de 83.313, em
1999, para 144.900 no último
vestibular, um aumento de
aproximadamente 74%.
Para conhecer melhor o efeito Enem no processo seletivo, a
Vunesp desenvolveu um estudo que mostra que apenas
3,42% dos ingressantes na
Unesp neste ano seriam trocados se o exame não entrasse no
cálculo. Na pesquisa, foram
comparadas listas com e sem a
nota do Enem.
A concorrida carreira de medicina, por exemplo, que não
teve nenhum classificado sem
Enem entre as 90 vagas oferecidas no campus de Botucatu,
incluiria cinco candidatos desta categoria.
Nota de corte
De acordo com Fernando
Prado, é alta a relação entre
bom desempenho no Enem e
no vestibular. Assim, os candidatos que vão bem no primeiro,
considerado mais fácil, têm a
sua nota aumentada em proporções similares e não saem
em vantagem sobre seus concorrentes diretos, apenas sobre
os que têm uma pontuação menor no Enem ou os que não fazem a prova.
O melhor desempenho faz
também com que a nota de corte aumente. No vestibular da
Unicamp do último ano, a nota
média da primeira fase foi de
56,4 para os candidatos sem
Enem, e de 61,3 para os com
Enem. O desempenho refletiu
diretamente na classificação final: 90% dos aprovados haviam
pedido a incorporação. Segundo o coordenador-executivo do
vestibular, Leandro Tessler, se
o exame não ajuda muito, pode
atrapalhar.
"Ninguém pode ter o luxo de
não contar com o Enem. Está
todo mundo tirando nota alta, e
deixar de fazê-lo é abrir mão de
parte da pontuação", afirma.
A ajuda dada na conquista de
uma vaga no ensino superior é
defendida pelo coordenador do
Enem, Dorivan Ferreira. Ele
diz acreditar que em todas as
instituições que o adotam o
exame tem beneficiado os estudantes e permitido uma democratização do ensino.
"O Enem serve em primeiro
lugar para a auto-avaliação do
aluno, e em segundo lugar como ajuda para o ingresso no ensino superior. Muita gente fica
com chance de entrar em diversas instituições, não apenas naquelas da sua região."
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