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ENEM
Quem chutar terá pontuação menor
Com base no padrão das respostas dos candidatos, será possível identificar acertos aleatórios
RICARDO GALLO
DA REDAÇÃO
O Ministério da Educação
adverte: não adianta chutar no
Enem. Será possível identificar, com base no padrão das
respostas de cada candidato,
quem acertou aleatoriamente
uma determinada questão.
Mais: no cálculo da nota, o
peso atribuído ao acerto do
"chutador" será inferior ao dos
que responderam de modo correto por dominar o tema.
O sistema antichute é uma
das características da TRI
(Teoria de Resposta ao Item),
adotada no novo Enem. Criado
para substituir o vestibular nas
universidades federais, o exame ocorre em 3 e 4 de outubro.
Com a TRI, as perguntas são
"inteligentes" -sabe-se o perfil
de quem acerta com maior probabilidade as mais fáceis, as intermediárias e as difíceis.
Isso ocorre graças a um banco com milhares de respostas
de alunos que atualmente testam as questões do Enem. Além
de estabelecer padrões de resposta, o teste também seleciona quais serão as 180 questões
que comporão o Enem.
Participam dessa etapa estudantes do segundo ano do ensino médio e universitários primeiranistas. Os alunos do terceiro ano do ensino médio, público-alvo do Enem, ficaram de
fora -para não terem acesso a
uma pergunta que possam encontrar no exame.
É o padrão das milhares de
respostas que revela o chute.
Estatisticamente, quem erra
questões mais fáceis não acerta
as difíceis. Do mesmo modo, os
que acertam as mais complexas
não erram nas simples.
"É assim que a TRI permite
identificar prováveis chutes na
hora de calcular a nota do estudante", diz Heliton Tavares, diretor de Avaliação da Educação
Básica do Inep (órgão do MEC
responsável pelo Enem).
O segredo: coerência
Com um mecanismo que detecta respostas fora do padrão,
qual o segredo para ir bem em
uma prova como a do Enem?
Ter um índice de acertos equilibrado e "coerente", diz Tadeu
da Ponte, coordenador do vestibular do Insper (ex-Ibmec-SP). A instituição adotou pela
primeira vez a TRI no vestibular de 31 de maio. A vantagem,
segundo ele: maior precisão para escolher candidatos -e um
vestibular com um número
menor de perguntas.
Acertos
Também em razão da TRI, a
prova do Enem não será avaliada pelo percentual de acertos,
como em um vestibular convencional. Embora também leve em conta quem acerta mais,
o exame atribui um peso a cada
pergunta ou grupo delas -assim, responder de modo correto oito em dez questões não representa 80% na nota final.
Tavares usa o esporte para
comparar os dois mecanismos:
o vestibular clássico é o futebol,
em que fazer gol vale um; o
Enem, o basquete -em que é
possível, a depender da distância, fazer dois ou três pontos.
O resultado será específico
para cada tema (português, matemática, ciências da natureza
e ciências humanas). Não haverá nota, mas sim uma pontuação que, em uma escala, definirá o grau de habilidades e conhecimentos do aluno. O mais
provável é que a escala vá de
100 a 500 pontos, diz o Inep.
Sobre a divisão de questões,
diz o diretor do Inep, é provável
que o exame tenha 25% de fáceis, 50% de intermediárias e
25% de difíceis.
Há necessidade de perguntas
mais simples porque o Enem
não será usado apenas como
vestibular das federais. Servirá
também para avaliar o conhecimento dos alunos que deixam o
ensino médio, para aqueles que
fizeram o antigo supletivo e para quem quer entrar no ProUni
-programa que dá bolsas para
alunos de baixa renda em universidades particulares.
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