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ATUALIDADES
Os impasses da Rodada de Doha
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Doha, capital do Catar, a pequena monarquia petrolífera
localizada às margens do Golfo
Pérsico, ganhou grande destaque a partir de 2001, quando tiveram início as negociações para a liberalização do comércio
global, promovida pela OMC
(Organização Mundial do
Comércio).
No encontro do Catar que ganhou o título de Rodada de Doha ou rodada do desenvolvimento, os países membros da
OMC deram o passo inicial nas
negociações para abertura de
mercado nos setores agrícola,
industrial e de serviços. Prevista para ser concluída em dezembro de 2004, a rodada não
conseguiu cumprir o cronograma previsto.
Marcadas por uma verdadeira guerra de interesses entre
desenvolvidos e emergentes, as
rodadas de negociações não
têm cumprido a máxima de que
as mudanças nas regras do comércio internacional beneficiariam a todos.
Intransigentes, os EUA e a
União Européia querem maior
acesso aos mercados de bens e
serviços dos países em desenvolvimento. Enquanto isso, o
bloco dos emergentes, organizados em torno do G-20, o grupo dos países que atuam em
conjunto na OMC, sob coordenação do Brasil e da Índia, exige
a redução dos subsídios, o que
facilitaria o acesso de produtos
agrícolas aos mercados da Europa e dos EUA.
Sucessivas reuniões fracassaram. Na Conferência Ministerial de Cancún (México), em
setembro de 2003, as divergências no setor agrícola levaram
ao impasse. Na reunião ministerial em julho de 2004, em Genebra, houve um pequeno progresso quando os EUA e a UE
ofereceram uma gradativa redução em seus subsídios agrícolas. Nas rodadas de 2005, os
EUA prometeram aplicar as reduções a seus subsídios desde
que os outros sócios comerciais, sobretudo as nações da
UE, fizessem o mesmo. A França resistiu.
Polarizado entre a relutância
dos países desenvolvidos em
rever sua política de subsídios e
a resistência das nações em desenvolvimento em reduzir suas
tarifas industriais, o impasse
continua. Por essa razão, o diretor-geral da OMC, Pascal
Lamy, apresentou um novo calendário, cuja meta é chegar a
um acordo até o fim de 2008.
De preferência, antes das eleições para a escolha do sucessor
do presidente George W. Bush,
afinal, quando o tema são os
subsídios agrícolas, as urnas
norte-americanas não revelarão grandes surpresas. Nenhum candidato, republicano
ou democrata, proporia em
campanha sua eliminação ou a
revisão nos mecanismos de
créditos oferecidos aos exportadores agrícolas.
ROBERTO CANDELORI é professor do Colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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