São Paulo, terça-feira, 25 de dezembro de 2007
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ATUALIDADES


Os impasses da Rodada de Doha

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Doha, capital do Catar, a pequena monarquia petrolífera localizada às margens do Golfo Pérsico, ganhou grande destaque a partir de 2001, quando tiveram início as negociações para a liberalização do comércio global, promovida pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
No encontro do Catar que ganhou o título de Rodada de Doha ou rodada do desenvolvimento, os países membros da OMC deram o passo inicial nas negociações para abertura de mercado nos setores agrícola, industrial e de serviços. Prevista para ser concluída em dezembro de 2004, a rodada não conseguiu cumprir o cronograma previsto. Marcadas por uma verdadeira guerra de interesses entre desenvolvidos e emergentes, as rodadas de negociações não têm cumprido a máxima de que as mudanças nas regras do comércio internacional beneficiariam a todos.
Intransigentes, os EUA e a União Européia querem maior acesso aos mercados de bens e serviços dos países em desenvolvimento. Enquanto isso, o bloco dos emergentes, organizados em torno do G-20, o grupo dos países que atuam em conjunto na OMC, sob coordenação do Brasil e da Índia, exige a redução dos subsídios, o que facilitaria o acesso de produtos agrícolas aos mercados da Europa e dos EUA. Sucessivas reuniões fracassaram. Na Conferência Ministerial de Cancún (México), em setembro de 2003, as divergências no setor agrícola levaram ao impasse. Na reunião ministerial em julho de 2004, em Genebra, houve um pequeno progresso quando os EUA e a UE ofereceram uma gradativa redução em seus subsídios agrícolas. Nas rodadas de 2005, os EUA prometeram aplicar as reduções a seus subsídios desde que os outros sócios comerciais, sobretudo as nações da UE, fizessem o mesmo. A França resistiu.
Polarizado entre a relutância dos países desenvolvidos em rever sua política de subsídios e a resistência das nações em desenvolvimento em reduzir suas tarifas industriais, o impasse continua. Por essa razão, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, apresentou um novo calendário, cuja meta é chegar a um acordo até o fim de 2008.
De preferência, antes das eleições para a escolha do sucessor do presidente George W. Bush, afinal, quando o tema são os subsídios agrícolas, as urnas norte-americanas não revelarão grandes surpresas. Nenhum candidato, republicano ou democrata, proporia em campanha sua eliminação ou a revisão nos mecanismos de créditos oferecidos aos exportadores agrícolas.


ROBERTO CANDELORI é professor do Colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br


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