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DEU NA MÍDIA
A China e os 60 anos da revolução (parte 2)
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Como vimos no texto anterior, o movimento revolucionário liderado por Mao Tse-tung proclamou, em 1949, a
República Popular da China,
regime de partido único, comandado pelo PCCh (Partido Comunista Chinês).
Uma vez no poder, os comunistas tinham de governar uma China em ruínas,
uma nação com uma população enorme, com muitas riquezas naturais, mas, ao
mesmo tempo, um país muito atrasado do ponto de vista
social, econômico e tecnológico. Assim, seria necessária
uma série de reformas estruturais para a construção de
uma nova nação.
A partir de um planejamento centralizado, a indústria e o comércio passaram
ao controle do Estado, as
propriedades estrangeiras
foram nacionalizadas e a reforma agrária foi implantada. No plano social, a educação passou a ser obrigatória,
a prostituição e o consumo
de drogas foram proibidos.
No campo político, intensificou-se a perseguição aos
inimigos do regime. Estima-se que mais de dois milhões
-remanescentes do Kuomintang e membros da classe dos proprietários rurais-
foram mortos nesse período.
No entanto, as medidas
não alcançaram o resultado
previsto. Em 1957 a economia estava estagnada e Mao
apresentou um novo programa, o Grande Salto para
Frente (1958-1960), com o
objetivo de avançar na coletivização do campo e na dinamização da indústria.
Novo fracasso, mas dessa
vez foi um colapso econômico generalizado, que espalhou a fome por todo o país,
causando a morte de cerca de
20 milhões de pessoas, segundo dados oficiais.
Responsabilizado pela tragédia, Mao tem o seu poder
reduzido, e um triunvirato
(Liu Shao-chi, Chu En-lai e
Deng Xiaoping) assume o Estado chinês. No entanto, o
Grande Timoneiro continua
como líder do Exército de Libertação Popular, de onde
passa a articular o seu retorno ao comando da China.
A partir de 1965, Mao organizou uma ofensiva contra as
facções políticas "rivais"
dentro do PCCh, acusando-as de defender princípios capitalistas na economia, além
de criticar a burocratização e
o elitismo. Na esteira desse
movimento, surge a Grande
Revolução Cultural Proletária (1966-1976), um programa de educação doutrinária
socialista. Sob a orientação
de Mao, os guardas vermelhos, responsáveis pela execução, operaram um grande
expurgo que atingiu amplos
setores da sociedade.
Os excessos do rigor revolucionário resultaram no
caos e no descontrole político e social. Com a morte do
Grande Timoneiro, em 1975,
os reformistas sob a liderança de Deng Xiaoping vão
inaugurar uma nova era no
socialismo chinês, agora sem
os fantasmas do Mao.
ROBERTO CANDELORI é professor do
colégio Móbile.
rcandelori@uol.com.br
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