São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010
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DEU NA MÍDIA

A China e os 60 anos da revolução (parte 2)

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Como vimos no texto anterior, o movimento revolucionário liderado por Mao Tse-tung proclamou, em 1949, a República Popular da China, regime de partido único, comandado pelo PCCh (Partido Comunista Chinês). Uma vez no poder, os comunistas tinham de governar uma China em ruínas, uma nação com uma população enorme, com muitas riquezas naturais, mas, ao mesmo tempo, um país muito atrasado do ponto de vista social, econômico e tecnológico. Assim, seria necessária uma série de reformas estruturais para a construção de uma nova nação.
A partir de um planejamento centralizado, a indústria e o comércio passaram ao controle do Estado, as propriedades estrangeiras foram nacionalizadas e a reforma agrária foi implantada. No plano social, a educação passou a ser obrigatória, a prostituição e o consumo de drogas foram proibidos.
No campo político, intensificou-se a perseguição aos inimigos do regime. Estima-se que mais de dois milhões -remanescentes do Kuomintang e membros da classe dos proprietários rurais- foram mortos nesse período.
No entanto, as medidas não alcançaram o resultado previsto. Em 1957 a economia estava estagnada e Mao apresentou um novo programa, o Grande Salto para Frente (1958-1960), com o objetivo de avançar na coletivização do campo e na dinamização da indústria.
Novo fracasso, mas dessa vez foi um colapso econômico generalizado, que espalhou a fome por todo o país, causando a morte de cerca de 20 milhões de pessoas, segundo dados oficiais.
Responsabilizado pela tragédia, Mao tem o seu poder reduzido, e um triunvirato (Liu Shao-chi, Chu En-lai e Deng Xiaoping) assume o Estado chinês. No entanto, o Grande Timoneiro continua como líder do Exército de Libertação Popular, de onde passa a articular o seu retorno ao comando da China.
A partir de 1965, Mao organizou uma ofensiva contra as facções políticas "rivais" dentro do PCCh, acusando-as de defender princípios capitalistas na economia, além de criticar a burocratização e o elitismo. Na esteira desse movimento, surge a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-1976), um programa de educação doutrinária socialista. Sob a orientação de Mao, os guardas vermelhos, responsáveis pela execução, operaram um grande expurgo que atingiu amplos setores da sociedade.
Os excessos do rigor revolucionário resultaram no caos e no descontrole político e social. Com a morte do Grande Timoneiro, em 1975, os reformistas sob a liderança de Deng Xiaoping vão inaugurar uma nova era no socialismo chinês, agora sem os fantasmas do Mao.

ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile.

rcandelori@uol.com.br


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