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ATUALIDADES
Os números da Previdência no Brasil
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O tema da reforma da Previdência tem provocado intensas
discussões. Servidores públicos
reagem à proposta do governo de
cortar privilégios das aposentadorias. Ricardo Berzoini, ministro
da Previdência Social, responde:
"É bom iniciar o debate da reforma lembrando em que país estamos e qual o papel social da Previdência", referindo-se à nossa péssima distribuição de renda.
Com o título de maior consumidor de dinheiro público, a Previdência em 2002 provocou um déficit de R$ 72 bilhões nas contas
do governo. Os números assustam ainda mais quando se analisa
a forma como os benefícios foram
distribuídos: R$ 18 bilhões para o
pagamento de 20 milhões de aposentadorias do setor privado e os
R$ 54 bilhões restantes distribuídos entre os 3 milhões de beneficiários do setor público. Esse desequilíbrio decorre do fato de que
o benefício pago aos servidores
privados tem como teto R$ 1.561
e, nesse setor, a aposentadoria
média é a de R$ 350. Para quem
trabalhou no setor público (Legislativo ou Judiciário), a média recebida supera os R$ 7.000. Vale a
lembrança de que, no mesmo período, o orçamento da educação
não passou de R$ 18 bilhões.
A proposta de reforma apresentada preserva o "direito adquirido", ou seja, a lei não alterará os
benefícios já conquistados. Mas
insiste na "tributação dos inativos", a contribuição dos aposentados que ganham mais que R$
1.058.
Protegidos pela Constituição, os
servidores pressionam pela manutenção de seus privilégios. Esquecem-se, como assinalou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que "ter escravos já foi um direito adquirido
e nem por isso se mantém até hoje". Afinal, a Lei Áurea, que acabou com a escravidão, cassou esse
direito dos proprietários de escravos. Sob protestos, é claro.
Roberto Candelori é professor do
Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
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