|
Próximo Texto | Índice
ELES &...
Nas estaduais de SP, mais homens são aprovados
Candidatas optam pelas mesmas carreiras e acabam sendo eliminadas
SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL
Na disputa pelas vagas das
universidades estaduais paulistas, os homens tradicionalmente levam a melhor. Na Fuvest,
muito mais mulheres do que
homens se inscrevem para o
exame -55,1% dos cerca de 160
mil que prestam a prova são do
sexo feminino. Mas o número
de contemplados com uma vaga na USP é majoritariamente
masculino: 55,9% dos aprovados são homens.
O fenômeno se repete na
Unicamp, onde as mulheres
são 50,2% dos inscritos e apenas 41% dos aprovados; e na
Unesp, que tem 56,4% de inscritas e 48,8% de aprovadas.
Não, não se animem rapazes,
o feito não é produto de quantidade de neurônios, raciocínio
diferenciado ou qualquer outra
motivação fisiológica. Mas há
pelo menos duas explicações
para o fenômeno.
De acordo com Maurício
Kleinke, coordenador de pesquisas da Comvest (comissão
responsável pelo vestibular da
Unicamp), o que acontece na
instituição é que as mulheres se
inscrevem para as mesmas carreiras. "Como a demanda é
concentrada, as mulheres têm
boa pontuação, mas muitas não
conseguem a vaga."
Para Renata Cabrini, 18, a
competição entre as mulheres
começa já no cursinho. "Rola
muita inveja, acho que as meninas são mais competitivas. E os
meninos, que são mais desencanados, acabam indo melhor."
"Proporcionalmente, tem
mais meninas nas classes do
cursinho", diz Gustavo Fani Pazian, 22, que quer uma vaga em
medicina. "Acho que homem é
mais objetivo para estudar e
mulher, muitas vezes, se preocupa com coisas que não são
tão importantes."
Já a pesquisadora Fúlvia Rosemberg, que estuda a inclusão
de diferentes grupos no ensino
e coordena o Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford, que
realiza uma ação afirmativa na
pós-graduação, descarta qualquer mito sobre o assunto.
Para ela, toda a análise deve
ser feita pensando na trajetória
de ensino de homens e de mulheres. "As mulheres têm melhor desempenho escolar desde
a pré-escola. Isso significa que
elas repetem menos e seguem
mais os estudos do que os homens", afirma.
Desse modo, os rapazes que
têm menos condições financeiras para estudar vão abandonando a escola e nem chegam à
fase do vestibular. Já as mulheres persistem por mais tempo.
O resultado é um só: "Quando chega lá na entrada das universidades de maior prestígio,
tem uma população masculina
candidata, possivelmente, de
maior nível econômico e cultural", afirma Fúlvia.
Ela ainda aponta que, durante a vida, os homens passam
por situações que representam
maior risco. "Eles são mais expostos a drogas, à violência. Há
um número muito maior de rapazes encarcerados. Isso tudo
afeta as estatísticas."
Próximo Texto: Eles dizem Índice
|