São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006
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CARREIRA

Psicologia passa por auto-análise

Profissional expande horizontes e trabalha em áreas diferentes, da jurídica ao esporte

CONSTANÇA TATSCH
DA REDAÇÃO

A psicologia está se repensando. Embora cerca de 60% da categoria profissional atue na área clínica, os psicólogos estão, cada vez mais, buscando novos horizontes, que vão além do divã.
A sociedade e a própria classe estão percebendo que o conhecimento do psicólogo pode ser aproveitado em outros contextos. Ramos como psicologia jurídica (atuando nas varas de família, de infância, no sistema prisional), psicologia da educação (auxiliando crianças nas escolas, ajudando na grade curricular), da comunicação (assessorando programas de TV), do esporte (ajudando jogadores, como Ronaldo, a se sentirem menos pressionados), do trânsito (estudando a circulação de pessoas), do trabalho (analisando processos seletivos, avaliando desempenhos), entre outras, estão ganhando espaço, além da inserção em ONGs e na pesquisa e na docência.
"Na representação das pessoas vem sempre a clínica, uma área importante e tradicional. Mas, nos últimos 15 anos, a psicologia tem ampliado a sua área de atuação", afirma Nilma Renildes da Silva, coordenadora do curso de psicologia da Unesp.
Nilma explica que a faculdade está realizando uma reestruturação curricular. "O curso é generalista, visa habilitar o profissional para que esteja preparado para qualquer área de atuação", diz. Assim, após fazer a escolha, é aconselhável continuar estudando. "A formação do psicólogo é contínua."
Existem atualmente no Brasil 325 cursos de psicologia, que podem durar de quatro a seis anos. São 130 mil profissionais, sendo que 50 mil estão no Estado de São Paulo e 30 mil na Grande São Paulo. Ou seja, existe um acúmulo de profissionais em centros urbanos e, principalmente, na área clínica. Apesar disso, a presidente do Conselho Federal de Psicologia e professora da PUC, Ana Mercês Bahia Bock, diz que a carreira é "promissora, porque o profissional tem potencial para atuar em diversos espaços".
Independentemente da área de atuação, as bases da profissão são as mesmas. "A psicologia é o estudo dos registros emocionados do sujeito, suas memórias, emoções, afetos, pensamentos, sentimentos. Estamos falando da construção de significados das pessoas, como vivenciam a vida, as relações", explica.
Mas como decifrar esse universo? "Há um conjunto de teorias e métodos que vai procurar dar conta de compreender o fenômeno psicológico, o mundo subjetivo do ser humano."

Instrumento
Flávia da Silva Ferreira Asbahr, 28, nunca sonhou com a área clínica. Sabia que queria trabalhar com educação. Optou por psicologia por achar que a carreira teria "mais possibilidades". Durante o curso, fez estágio em diversas áreas, mas foi quando trabalhou em uma escola particular que encontrou aquilo que procurava. "Aí me apaixonei. Gostava do clima, de estarmos produzindo alguma coisa, estarmos ensinando, educando", conta ela, que auxiliava crianças com problemas de notas ou comportamento.
Depois da graduação, fez mestrado em psicologia escolar e já pensa em fazer doutorado. "Tem que estudar sempre. É fundamental porque a graduação dá um panorama, como se fosse um cardápio, e depois você escolhe."
Flávia hoje é professora de psicologia em uma universidade particular no curso de pedagogia. "Dou aula para futuros professores. Gosto muito do que faço. A psicologia ajuda muito a compreender o ser humano. Sem isso, um professor não consegue entender o aluno. É um instrumento importante na educação."


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