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CARREIRA
Psicologia passa por auto-análise
Profissional expande horizontes e trabalha em áreas diferentes, da jurídica ao esporte
CONSTANÇA TATSCH
DA REDAÇÃO
A psicologia está se repensando. Embora cerca de 60% da
categoria profissional atue na
área clínica, os psicólogos estão, cada vez mais, buscando
novos horizontes, que vão além
do divã.
A sociedade e a própria classe
estão percebendo que o conhecimento do psicólogo pode ser
aproveitado em outros contextos. Ramos como psicologia jurídica (atuando nas varas de família, de infância, no sistema
prisional), psicologia da educação (auxiliando crianças nas escolas, ajudando na grade curricular), da comunicação (assessorando programas de TV), do
esporte (ajudando jogadores,
como Ronaldo, a se sentirem
menos pressionados), do trânsito (estudando a circulação de
pessoas), do trabalho (analisando processos seletivos, avaliando desempenhos), entre
outras, estão ganhando espaço,
além da inserção em ONGs e na
pesquisa e na docência.
"Na representação das pessoas vem sempre a clínica, uma
área importante e tradicional.
Mas, nos últimos 15 anos, a psicologia tem ampliado a sua área
de atuação", afirma Nilma Renildes da Silva, coordenadora
do curso de psicologia da
Unesp.
Nilma explica que a faculdade está realizando uma reestruturação curricular. "O curso é
generalista, visa habilitar o profissional para que esteja preparado para qualquer área de
atuação", diz. Assim, após fazer
a escolha, é aconselhável continuar estudando. "A formação
do psicólogo é contínua."
Existem atualmente no Brasil 325 cursos de psicologia, que
podem durar de quatro a seis
anos. São 130 mil profissionais,
sendo que 50 mil estão no Estado de São Paulo e 30 mil na
Grande São Paulo. Ou seja,
existe um acúmulo de profissionais em centros urbanos e,
principalmente, na área clínica.
Apesar disso, a presidente do
Conselho Federal de Psicologia
e professora da PUC, Ana Mercês Bahia Bock, diz que a carreira é "promissora, porque o profissional tem potencial para
atuar em diversos espaços".
Independentemente da área
de atuação, as bases da profissão são as mesmas. "A psicologia é o estudo dos registros
emocionados do sujeito, suas
memórias, emoções, afetos,
pensamentos, sentimentos. Estamos falando da construção de
significados das pessoas, como
vivenciam a vida, as relações",
explica.
Mas como decifrar esse universo? "Há um conjunto de teorias e métodos que vai procurar
dar conta de compreender o fenômeno psicológico, o mundo
subjetivo do ser humano."
Instrumento
Flávia da Silva Ferreira Asbahr, 28, nunca sonhou com a
área clínica. Sabia que queria
trabalhar com educação. Optou
por psicologia por achar que a
carreira teria "mais possibilidades". Durante o curso, fez estágio em diversas áreas, mas foi
quando trabalhou em uma escola particular que encontrou
aquilo que procurava. "Aí me
apaixonei. Gostava do clima, de
estarmos produzindo alguma
coisa, estarmos ensinando,
educando", conta ela, que auxiliava crianças com problemas
de notas ou comportamento.
Depois da graduação, fez
mestrado em psicologia escolar
e já pensa em fazer doutorado.
"Tem que estudar sempre. É
fundamental porque a graduação dá um panorama, como se
fosse um cardápio, e depois você escolhe."
Flávia hoje é professora de
psicologia em uma universidade particular no curso de pedagogia. "Dou aula para futuros
professores. Gosto muito do
que faço. A psicologia ajuda
muito a compreender o ser humano. Sem isso, um professor
não consegue entender o aluno.
É um instrumento importante
na educação."
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