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ALTA TENSÃO
ESTRESSE BAIXA IMUNIDADE, O QUE DEIXA CANDIDATO MAIS SUSCETÍVEL A TER PROBLEMAS
"Doenças de vestibulando" podem influenciar na preparação para as provas
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se não bastasse os pais pressionarem por um bom desempenho, você ter de estudar o dia inteiro e não entender várias partes
da matéria, sentir que o vestibular
está se aproximando e estar em
dúvida sobre qual carreira seguir,
você ainda contrai uma gripe terrível, que o obriga a faltar uma semana no cursinho. Mais do que
uma fatalidade, você provavelmente adoeceu por causa de todo
o resto que está sentindo.
Mesmo sendo causada por um
vírus, a gripe encontra um terreno
mais fértil em um estudante estressado do que em um que lida
de forma mais tranqüila com os
mesmos eventos. Pesquisas apontam que o estresse pode influir diretamente na saúde das pessoas.
O estresse que dura mais de alguns dias provoca modificações
hormonais (leia texto ao lado),
que atuam em várias partes do
corpo. O principal hormônio que
sofre alterações com o estresse é o
chamado cortisol, produzido nas
glândulas supra-renais.
Um dos impactos mais importantes do cortisol é a diminuição
da imunidade, facilitando infecções, resfriados, gripes e outras
doenças. "A herpes labial, por
exemplo, pode ficar latente durante algum tempo no corpo da
pessoa e só se manifestar quando
ela está com a imunidade baixa",
disse Telma Spera de Andrade,
psicobióloga da Unesp.
Para complicar a situação, o
vestibulando, já com a imunidade
baixa, pode ser obrigado a assistir
aulas em uma sala com mais de
cem alunos, sem janelas e com o
ar-condicionado ligado.
Com tudo isso, no ano passado,
Juliana Scagliusi Zamarion, 19,
pegou uma gripe que a deixou
uma semana sem ir ao cursinho.
"A gente fica o dia todo no ar condicionado, todo mundo respirando o mesmo ar. Depois fiquei com
aquela sensação de não ter sido
aprovada por causa daquela semana." Além disso, por volta de
agosto, ela começou a ter gastrite,
que, em fevereiro, após as provas,
não deu mais sinal. "Tenho certeza de que foi estresse. Nunca tinha
tido gastrite e depois passou. Em
agosto, começam as inscrições, os
professores falam de revisão, o
nervosismo aumenta."
Viviane Lopes Pereira, 18, candidata de relações internacionais,
pegou uma infecção de garganta
no começo deste mês que acabou
passando para o ouvido, obrigando-a a tomar antibióticos fortes.
Além disso, ela sofre diariamente
com a gastrite. "No final do dia, a
dor é insuportável. Não consigo
nem respirar direito", disse ela.
A gastrite, segundo o gastroenterologista da Unicamp Antonio
Frederico Magalhães, é comum
em pessoas estressadas porque há
uma maior secreção dos ácidos
responsáveis pela digestão, além
de mudanças nas contrações responsáveis pela mistura dos alimentos no estômago .
A maioria dos problemas causados pelo estresse, segundo o professor de endocrinologia da USP
Walter Bloise, tende a passar
quando o indivíduo consegue superar o nervosismo. Algumas
doenças, entretanto, podem ser
mais complicadas de serem tratadas, como o hipertireoidismo.
"Quando a pessoa fica estressada, uma série de hormônios entram em jogo e deprimem a imunidade e, com isso, fazem com
que apareçam respostas anômalas, desenvolvendo anticorpos
contra o próprio indivíduo. Um
deles faz aparecer o hipertireoidismo." O ganho de peso, segundo ele, acontece mais devido a um
efeito psicológico do que hormonal. "O que pode ocorrer é a pessoa estressada comer mais, que é
uma forma de autogratificação."
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