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DEU NA MÍDIA
Bolívia, Unasul e a democracia na América do Sul
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Reunidos em setembro no
Palácio de La Moneda, em
Santiago, no Chile, os 12 presidentes da América do Sul
membros da Unasul (União
das Nações Sul-Americanas)
reafirmaram seu compromisso com a democracia e
declararam que não aceitariam um golpe de Estado
contra o governo Evo Morales, presidente da Bolívia.
Como assinalou Michelle
Bachelet, presidente do Chile, evocando os acontecimentos que levaram à deposição do presidente Salvador
Allende, em 11 de setembro
de 1973, "as nações da América do Sul advertem que
seus respectivos governos
rechaçam energicamente e
não reconhecerão nenhuma
situação que implique uma
tentativa de golpe civil ou de
ruptura da ordem institucional". Mais do que um passo
no aprofundamento da integração política e econômica
dos países da região, o encontro de Santiago conferiu
à União recém-criada um peso político importante ao se
posicionar com firmeza em
relação à crise boliviana.
O projeto para a criação de
um órgão de integração regional foi apresentado inicialmente numa reunião realizada em Cuzco, no Peru, em
2004, quando surgiu a Casa
(Comunidade Sul-Americana de Nações).
Na Reunião Energética da
América do Sul, na Venezuela, em 2007, o nome foi mudado para União das Nações
Sul-Americanas. Finalmente, no encontro de Brasília,
em maio último, foi oficializada a criação da Unasul.
Neste início do século 21,
ocorreram transformações
importantes no cenário político da América do Sul. De
um lado, a ascensão de governos de esquerda ou mais
progressistas, comprometidos com uma agenda social
de maior envergadura (caso
dos programas sociais do
Brasil e da Venezuela).
Governos que, no âmbito
da América, buscam estabelecer novos parâmetros nas
relações com os EUA, uma
postura de maior autonomia
na construção de uma agenda de interesses recíprocos
baseada em negociações bilaterais. Governantes que se
recusam a se submeter aos
interesses das potências, assumindo um posicionamento mais atuante nos organismos multilaterais, como
ONU e OMC.
Sob o signo desse novo paradigma, o que temos assistido na região, especificamente no caso da Bolívia, é à busca da superação das divergências através do diálogo e
da negociação. O posicionamento da Unasul, recusando
com veemência um desfecho
que não estivesse dentro do
campo democrático, se constituiu num marco institucional, uma referência sob a
qual, espera-se, seja possível
escrever uma nova história
no sul da América.
ROBERTO CANDELORI é professor do Colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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