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CARREIRA
Químico ambiental dá soluções para danos à natureza
Profissional minimiza problemas causados pelo homem
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO
As empresas se preocupam
cada vez mais em fabricar produtos ecologicamente corretos
e atrair clientes conscientes da
importância da preservação do
planeta. E um dos profissionais
que podem descobrir quais são
as substâncias menos danosas
para o ambiente é o químico
ambiental, carreira em alta numa época em que Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, ganhou um Oscar pelo filme
"Uma Verdade Inconveniente"
e até o Prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho em defesa da
natureza.
O trabalho do químico ambiental é, em linhas gerais, desenvolver fórmulas para minimizar os problemas causados
pelo homem. Numa fábrica de
remédios, por exemplo, é sua
tarefa pesquisar elementos para que os resíduos -aquilo que
não é utilizado pela indústria-
não poluam tanto o rio onde
são despejados.
E quando há um acidente
ecológico, como um vazamento
de petróleo no mar ou o aparecimento de espuma no rio Tietê
causado pelo acúmulo de poluentes na água, principalmente detergente doméstico, o químico ambiental vai trabalhar
para que o prejuízo causado ali
seja menor, pesquisando fórmulas e reações.
Trabalhando em uma fábrica
de produtos de borracha há oito anos, o químico ambiental
Marcos Rossi, 52, é responsável
pelos resíduos criados pelos
produtos. "Tenho que fazer
com que o tubo seja o menos
poluente possível", diz ele.
Para isso, Rossi trabalha com
a tabela periódica -aquela com
os elementos químicos- sempre ao lado. "O químico ambiental tem que ler muito para
buscar soluções para o problema da poluição."
Pouco tempo
O curso de graduação plena
-não tecnológico- em química ambiental mais recente, segundo dados do Ministério da
Educação, é de 2002, criado pela Universidade Católica de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
Na USP (Universidade de São
Paulo), o curso foi criado há
cinco anos e tem duração de
quatro. "É uma área nova", diz
Mauro Bertotti, coordenador
do Instituto de Química da
USP. "O mundo está discutindo
mais e mais o ambiente e a área
tende a crescer."
"Ensinamos o aluno a entender os processos químicos e a
propor mudanças para o ambiente", diz Vera Aparecida de
Oliveira Tiera, vice-coordenadora do curso de química ambiental da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
"O curso específico de química ambiental [antes era uma
disciplina na graduação de química] veio da obrigação crescente das indústrias de fazer
produtos que não tragam problemas para o ambiente", afirma a vice-coordenadora.
No início, o curso apresenta
disciplinas básicas como química, física e matemática. É a
partir do segundo ano que o
aluno vai ter matérias relacionadas diretamente ao ambiente, como direito ambiental e
análise de solo e de água.
Mercado
"Existe grande procura do
mercado por químicos ambientais", diz a diretora do núcleo
de química ambiental da Sociedade Brasileira de Química,
Maria Cristina de Canela. "Há
uns dez anos, nem se falava em
mudanças climáticas. Agora, a
legislação se tornou mais restritiva, obrigando as empresas
a tomar certos cuidados com o
meio ambiente."
Como estagiário, um estudante pode receber cerca de
R$ 1.200. Já o piso da categoria
é de R$ 2.280 (seis horas por
dia) no Estado de São Paulo, para quem tem nível superior, segundo o Sindicato dos Químicos do Estado de São Paulo.
"A maioria dos alunos que fazem química ambiental sai empregada", diz Nestor Moraes,
chefe do departamento de química da Universidade Tecnológica do Paraná. "Acho até que
tem vaga sobrando."
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