São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2008
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CARREIRA

Químico ambiental dá soluções para danos à natureza

Profissional minimiza problemas causados pelo homem

LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO

As empresas se preocupam cada vez mais em fabricar produtos ecologicamente corretos e atrair clientes conscientes da importância da preservação do planeta. E um dos profissionais que podem descobrir quais são as substâncias menos danosas para o ambiente é o químico ambiental, carreira em alta numa época em que Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, ganhou um Oscar pelo filme "Uma Verdade Inconveniente" e até o Prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho em defesa da natureza.
O trabalho do químico ambiental é, em linhas gerais, desenvolver fórmulas para minimizar os problemas causados pelo homem. Numa fábrica de remédios, por exemplo, é sua tarefa pesquisar elementos para que os resíduos -aquilo que não é utilizado pela indústria- não poluam tanto o rio onde são despejados.
E quando há um acidente ecológico, como um vazamento de petróleo no mar ou o aparecimento de espuma no rio Tietê causado pelo acúmulo de poluentes na água, principalmente detergente doméstico, o químico ambiental vai trabalhar para que o prejuízo causado ali seja menor, pesquisando fórmulas e reações.
Trabalhando em uma fábrica de produtos de borracha há oito anos, o químico ambiental Marcos Rossi, 52, é responsável pelos resíduos criados pelos produtos. "Tenho que fazer com que o tubo seja o menos poluente possível", diz ele.
Para isso, Rossi trabalha com a tabela periódica -aquela com os elementos químicos- sempre ao lado. "O químico ambiental tem que ler muito para buscar soluções para o problema da poluição."

Pouco tempo
O curso de graduação plena -não tecnológico- em química ambiental mais recente, segundo dados do Ministério da Educação, é de 2002, criado pela Universidade Católica de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
Na USP (Universidade de São Paulo), o curso foi criado há cinco anos e tem duração de quatro. "É uma área nova", diz Mauro Bertotti, coordenador do Instituto de Química da USP. "O mundo está discutindo mais e mais o ambiente e a área tende a crescer."
"Ensinamos o aluno a entender os processos químicos e a propor mudanças para o ambiente", diz Vera Aparecida de Oliveira Tiera, vice-coordenadora do curso de química ambiental da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
"O curso específico de química ambiental [antes era uma disciplina na graduação de química] veio da obrigação crescente das indústrias de fazer produtos que não tragam problemas para o ambiente", afirma a vice-coordenadora.
No início, o curso apresenta disciplinas básicas como química, física e matemática. É a partir do segundo ano que o aluno vai ter matérias relacionadas diretamente ao ambiente, como direito ambiental e análise de solo e de água.

Mercado
"Existe grande procura do mercado por químicos ambientais", diz a diretora do núcleo de química ambiental da Sociedade Brasileira de Química, Maria Cristina de Canela. "Há uns dez anos, nem se falava em mudanças climáticas. Agora, a legislação se tornou mais restritiva, obrigando as empresas a tomar certos cuidados com o meio ambiente."
Como estagiário, um estudante pode receber cerca de R$ 1.200. Já o piso da categoria é de R$ 2.280 (seis horas por dia) no Estado de São Paulo, para quem tem nível superior, segundo o Sindicato dos Químicos do Estado de São Paulo.
"A maioria dos alunos que fazem química ambiental sai empregada", diz Nestor Moraes, chefe do departamento de química da Universidade Tecnológica do Paraná. "Acho até que tem vaga sobrando."


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