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ATUALIDADES
O caos volta ao Líbano
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Com a assinatura da resolução 1.701, o Conselho de
Segurança da ONU determinou o encerramento do conflito entre Israel e Líbano. A
resolução autoriza o envio de
uma Força Interina das Nações Unidas de 15 mil homens para ajudar o Exército
libanês a controlar a região
sul do país. Foram mais de 30
dias de intensos combates
entre o Exército israelense e
a milícia xiita do Hizbollah,
que deixaram, além de um
saldo de mais de mil mortos,
um rastro de destruição.
Esta não é a primeira vez
que o Líbano tem pela frente
o desafio da reconstrução.
Estado confessional, o Líbano fraciona, desde o Pacto
Nacional de 1943, seu poder
político entre as diversas
correntes religiosas. O presidente deve ser cristão maronita; o primeiro-ministro,
muçulmano sunita; e o presidente do Parlamento, muçulmano xiita.
Com a fundação do Estado
de Israel, em 1948, o Líbano
passou a abrigar um grande
número de palestinos refugiados da Guerra da Independência (1948-1949). Essa
presença palestina resultou
no aumento da pressão muçulmana sobre a comunidade cristã por uma revisão no
Pacto de 43 e precipitou o
início da guerra civil em
1975. Foram 15 anos de conflito e aniquilamento encerrados com o Acordo de Taif,
em 1989, que dividiu o poder
entre muçulmanos e cristãos. Nos anos 90, iniciou-se
o processo de reconstrução.
Nessa ocasião, o minúsculo
território libanês estava ocupado militarmente pela Síria
no norte, pelo Exército de Israel no sul e por uma legião
de palestinos. Além disso,
havia a presença de algumas
milícias armadas, como o
Hizbollah.
Com a retirada de Israel da
"zona de segurança" (2000),
e do Exército sírio (2005), o
governo libanês do presidente Émile Lahoud gradativamente colocava a casa em ordem. O desafio maior, que
era convencer o Hizbollah a
deixar as armas e trilhar o caminho da política, começava
a ser vencido com a representação no Parlamento.
No entanto, a estratégia
escolhida pelas autoridades
de Beirute não contou com o
aval do eixo Tel Aviv-Washington, que acusava o Líbano de ser condescendente
com os xiitas do Hizbollah.
Divergências insolúveis
resultaram no conflito ao
qual assistimos e que impuseram ao Líbano um penoso
retrocesso. Condoleezza Rice, dos EUA, declarou que o
resultado dessa guerra seria
o nascimento de "um novo
Oriente Médio". Talvez a secretária de Estado tenha razão: um "novo" Oriente Médio, mergulhado em ódio,
mais radical e muito mais refratário ao diálogo e à paz.
ROBERTO CANDELORI é professor do Colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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