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DISCOS LANÇAMENTOS
Funarte recupera Cartola, Capiba e Geraldo Pereira
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
O projeto de recuperação "Acervo Funarte da Música Brasileira",
operado pela Funarte, pela gravadora Atração e pelo Instituto Cultural Itaú, chega à segunda fornada de lançamentos com dez CDs
dedicados a artistas como Cartola,
Geraldo Pereira, Capiba, Braguinha e João Pernambuco.
São discos lançados originalmente em vinil pela Funarte, que
agora, no pós-Collor, ganham edição em CD.
O carro-chefe é "Entre Amigos", gravado em 84, que revela 11
canções de um Cartola semi-anônimo (pois antes de se tornar conhecido, nos 60, já trabalhava com
samba havia 30 anos).
De Capiba, morto ontem aos 93
anos (leia sobre sua morte à pág.
4-8) -um dos mais importantes
compositores pernambucanos,
hoje um tanto subvalorizado-, o
CD homônimo re-recupera criações essenciais como "Maria Bethânia" (canção-pretexto para
Caetano Veloso batizar a irmã recém-nascida) e "É de Amargar".
Um terceiro CD, interpretado
por Antonio Adolfo e Nó em Pingo
d'Água, vem enriquecer o momento de memória ora dedicado a
João Pernambuco (um álbum do
pesquisador e músico Leandro
Carvalho, dedicado a releituras de
obras do violeiro, acaba de ser lançado).
Também de pura memória é o
volume dedicado ao flautista Patápio Silva, que relê sua obra via Altamiro Carrilho, Luizinho Eça e
Galo Preto.
Ainda no terreno instrumental,
"Dois Pianos" (84) reúne o casal
Francisco e Josephina Mignone, e
"Violão" (80), apresenta a arte de
Sérgio Assad.
O mérito, muitas vezes, é mais
documental que necessariamente
artístico -as gravações são irregulares. Exemplares da inconstância do pacote são os tomos dedicados a Geraldo Pereira e Custódio
Mesquita.
No primeiro, o cantor Pedrinho
Rodrigues (morto em 96) tem de
duelar com a voz frágil de Bebel
Gilberto, que mina a potência própria de temas como "Sem Compromisso" e "Pisei num Despacho".
Também Custódio Mesquita,
papa da música conservadora brasileira, padece da oscilação. Se
Marlene depura síncopes como
"Se a Lua Contasse" e "Vai Meu
Samba", Ney Matogrosso e Amélia Rabello não suportam o pique
em "Quem É?" (dueto de Ney e
Marlene) ou "Nada Além" (Amélia).
Tal se repete em "Yes, Nós Temos Braguinha", em que as antológicas marchinhas do autor são
maltratadas pelo registro em coral
do grupo Garganta Profunda, secundado em alguns momentos
por Eduardo Dusek e pelo próprio
Braguinha.
Enfim, há o segundo volume do
"Documento Sonoro do Folclore
Brasileiro", com registros in loco
de ritmos do Pará, Maranhão,
Ceará e Rio de Janeiro.
No todo, a série, às vezes de assimilação custosa, continua endereçada a pesquisadores e estudiosos
-e, mesmo entre eles, só aos mais
compenetrados.
Série: Acervo Funarte da Música Brasileira
(dez títulos)
Lançamento: Atração
Quanto: R$ 18 (cada CD, em média)
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