DA REPORTAGEM LOCAL

O kit do turista padrão que visita o Brasil, composto de camisa da seleção, garrafas de cachaça e peças de artesanato, ganhou um forte candidato a engrossar a relação.
De olho nos "gringos" loucos por excessos tropicais, a editora Casa da Palavra acaba de lançar "Caipirinha - O Drinque Popular Brasileiro", de Engels Maciel e Maria Lucia Uchôa, ilustrado com fotos de Sergio Pagano.
A maior evidência de que o público-alvo são os estrangeiros é a edição bilíngue (português/inglês), mas não se trata da única. Em meio a informações óbvias para um brasileiro ("Enquanto ele, o feijão, está no fogo, é a vez dela, a caipirinha, ajudar a distrair os convidados. Seja na versão clássica ou nas variantes, acompanhada ou não de petiscos, ela é uma anfitriã agradável e versátil"), o livro traz receitas de caipirinhas, batidas e comidas para acompanhar a bebedeira.
São desde dicas elementares -como as de que na caipirinha só se deve usar cachaça branca, e não amarela, e é preferível utilizar açúcar refinado- a receitas originais, caso da caipiroska de limão com gengibre ou do "penne à caipirinha". E ensina-se, passo a passo, como fazer uma feijoada.
Se as receitas são o ponto alto, a pesquisa histórica deixa a desejar. Para disfarçar o problema, o livro se vale de citações do livro de Gilberto Freyre "Alhos & Bugalhos -°Ensaios sobre Temas Contraditórios: de Joyce à Cachaça; de José Lins do Rêgo ao Cartão-Postal".
Casados, os autores vivem em Bananal (a 314 km de São Paulo), na chácara Santa Inês, espécie de laboratório para as experiências gastronômicas do químico Engels Maciel, 58, e da professora Maria Lucia Uchôa, 55 -que largaram as profissões para se dedicar aos ofícios do bem comer e do bem beber. "Ele virou "cachaçólogo" e eu, doceira", conta Uchôa.
No ano passado, Maciel lançou "Cachaça Artesanal - Do Alambique à Mesa". "O pessoal de outros países reclamava que não havia uma edição em inglês", diz Uchôa. Foi a senha para a Casa da Palavra propor o guia.