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MELHOROU
Sem maquiagem, 4º ano desdenha do correto
DA REPORTAGEM LOCAL
Torturador , assassino, ex-inimigo do Estado, ex-viciado e com problemas em relacionamentos. Não poderia ter herói
mais difícil de seduzir o espectador, mas é nessa soma de (anti)valores que reside o charme de
Jack Bauer (Kiefer Sutherland).
Com a família longe (sua filha e
o namorado dela se mudam para
Valência após as aventuras da terceira temporada), Bauer se envolve com a filha do chefe (o secretário de Defesa dos EUA), arruma
um emprego em que trabalha menos e sai da linha de tiro. Ou seja,
não poderia estar mais infeliz.
O quarto ano da série ganha
pontos ao desistir do politicamente correto das temporadas
anteriores, em que os malvados
não tinham proveniência definida e matavam só por dinheiro.
Agora, a ação se concentra em um
vilão e no ódio político-religioso.
O problema a solucionar: como
desmantelar várias células terroristas infiltradas nos EUA há anos
e sem nenhum registro criminal.
Exatamente como foi no 11 de Setembro, e é aí que está o lado mais
emocionante de "24 Horas".
O preconceito existe no mundo
real. As bombas atômicas, perseguidas por pessoas determinadas
a morrer por sua religião se assim
for preciso, também. Qualquer
ambiente de trabalho, que lide
com combate ao terrorismo ou
não, está povoado de traições e
disputa de poder. E os norte-americanos falham na proteção de seu
próprio território. A vida segue
sendo assim, e não é porque falamos de ficção que isso vai mudar.
Aliás, é melhor que não mude.
Embora alguns personagens se
percam pelo caminho, o quarto
"24 Horas" mostra a força do primeiro ano, em que o tempo real
causou sensação para o público, e
uma coragem renovada, em que
os abusos cometidos no mundo
atual não são maquiados por uma
Hollywood de fantasia.
Algumas pessoas se sentem
mais confortáveis perto do inferno. Jack Bauer é uma delas. E não
há nada mais próximo disso hoje
em dia do que viver na terra de
George W. Bush.
(LVR)
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