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Festival Sundance trará histórias pessoais e tramas de sobrevivência
Obras de estréia de novos diretores são destaque em mostra independente
DAVID M. HALBFINGER
DO "NEW YORK TIMES"
Histórias pessoais, soluções
individuais para problemas sociais e uma vertente inesperada
de otimismo vão tomar o lugar
das diatribes, das exposições e
do clima de mau agouro na edição 2008 do Festival de Cinema Sundance, em janeiro.
Entre os 64 filmes narrativos
e documentários da competição do festival, 29 são os primeiros longas-metragens de
diretores novatos que se expressam numa grande variedade de vozes e pontos de vista,
lembrando a diversidade da
blogosfera.
Os organizadores dizem que
o festival pode proporcionar
uma injeção muito necessária
de surpresa -mas não necessariamente de rentabilidade-
num setor do cinema independente prejudicado pelos resultados desanimadores das bilheterias deste ano.
"Existe neste momento um
certo clima de mal-estar na arena independente", comentou
Geoffrey Gilmore, diretor de
longa data do festival, que
acontece entre 17 e 27 de janeiro em Park City, nos EUA. "Talvez o público esteja encontrando filmes que o deixam exausto, ou talvez ache os filmes demasiado familiares, atendendo demais às expectativas. Este é um festival cujos filmes, independentemente de chegarem ao
mercado mais amplo, em muitos casos farão você sair do cinema e querer falar sobre eles."
Essa vitalidade, segundo Gilmore, vem dos lugares mais
inesperados. Sundance, que é
ao mesmo tempo uma vitrine
da maior importância do cinema americano e bazar livre para executivos do cinema, procura enfrentar o dilúvio anual de filmes, examinando dezenas
de possíveis trabalhos candidatos ao longo do ano. Mas, segundo Gilmore, mais de metade dos filmes escolhidos para serem mostrados em 2008 saiu
"da pilha". Ou seja, esses filmes
não se beneficiaram de divulgação antecipada pela rede de
agentes de talentos e vendas,
diretores e outros "olheiros".
A política sempre permeia os
documentários em Sundance, e
os cinéfilos de gorro de lã em
Park City poderão ver filmes
sobre o sigilo governamental, a
dívida nacional e o problema da
escassez de água. Mas a edição
deste ano é muito marcada por
temas políticos tratados em
termos humanos. Em "Traces
of the Trade: A Story From the
Deep North", de Katrina Browne, a diretora explora a história
do envolvimento de sua família, da Nova Inglaterra, com o
tráfico negreiro. E Christopher
Bell, em "Bigger, Stronger, Faster*", trata do consumo de esteróides por seus irmãos.
Os filmes que refletem "um
senso de sobrevivência, de
avançar em nosso mundo", nas
palavras de Gilmore, incluem
"Greatest Silence: Rape in the
Congo", de Lisa F. Jackson, na
qual a diretora entrevista vítimas de estupro. Em "Nerakhoon (the Betrayal)", de Ellen
Kuras, um jovem do Laos encara os efeitos devastadores do
trabalho que seu pai fez para a
CIA na guerra do Vietnã, escolhendo alvos para bombas.
Tradução de CLARA ALLAIN
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