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Peça com Cristiana Reali lota em Paris
Atriz brasileira, dirigida pelo também ator John Malkovich, ganhou prêmio francês no último dia 17
GABRIELA LONGMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
No palco, o francês dela não
tem sotaque; fora do palco também não. Nascida no Brasil e
criada em Paris desde os 8 anos,
a atriz Cristiana Reali arrancou
elogios da crítica nos últimos
meses, ao encenar o papel principal na peça "Good Canary",
dirigida pelo ator John Malkovich. Em cartaz no Théâtre Comédia, na capital francesa, o espetáculo tem tido suas seis sessões semanais lotadas.
Recheada de efeitos visuais, a
montagem hi-tech remonta o
mundo da imprensa e da crítica
literária na Nova York dos anos
70/80 (algumas cenas da peça
podem ser vistos pela internet,
no endereço www.kewego.
com.pt/video/iLyROoaft
1GT.html).
Em poucas palavras: Anie
(Reali) namora o escritor Jacques (Vicent Elbaz), principiante que tenta a todo custo
emplacar seu romance no mercado; ao invés de ajudá-lo, a
moça, com suas inseguranças,
parece tão somente atrapalhar
a carreira do rapaz -mais tarde
descobrimos que as relações de
poder são mais complexas.
Com texto do norte-americano Zach Helm, 31, "Good Canary" mistura problemas contemporâneos -a bulimia e o vício em anfetaminas- com
questões ditas mais amplas:
complexos psicológicos, interdependências amorosas e impossibilidade de comunicação.
A mão de Malkovich encheu
os diálogos de sarcasmo e humor, transformando o que podia ser um novelão mexicano
em boa comédia dramática. É
principalmente a Reali, vivendo a personagem problemática,
drogada e complexada, a quem
cabe adequar a justa medida de
risos e lágrimas.
"John [Malkovich] me pediu
para emagrecer, pois eu tinha
uma aparência saudável demais para o papel. Perdi quase
seis quilos", contou. O esforço
parece recompensado: no último dia 17, Reali recebeu o Raimu de melhor atriz (prêmio
francês, voltado apenas para
comédias de cinema e teatro).
Com uma trajetória que começou no teatro, Reali (filha do
jornalista Reali Jr.) tornou-se
conhecida na França atuando
em seriados de TV. Em mais de
15 anos de carreira, passou pelo
cinema -entre outros, foi dirigida duas vezes por Claude Lelouch- e pela publicidade: morena de olhos azuis, foi escolhida como "o rosto Lancôme" e
até hoje muitos vêem seu rosto
associado à marca francesa de
cosméticos.
Quando perguntam o que ela
gosta de ouvir, não hesita: "De
la musique brésilenne, bien
sûr! Martinho da Vila e Caetano Veloso...". E Walter Salles:
""Central do Brasil" é de longe o
filme brasileiro mais conhecido na França. "O Ano em que
meus Pais Saíram de Férias" estréia aqui esta semana e o
anúncio diz: "Você gostou de
"Central do Brasil'? Então vai
adorar este filme".
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