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RESENHA
Obra insere objetivo no jornalismo pop
especial para a Folha, em San Francisco
Esqueça alguns
mitos sobre o jornalismo musical
americano dos
anos 60 e 70
-aquela história
de hippies irmanados por um
projeto de paz e amor, do qual a
revista "Rolling Stone" seria a
grande parceira e porta-voz.
Porque "Not Fade Away - A
Backstage Pass to 20 Years of
Rock and Roll", coletânea de
Ben Fong-Torres, é, acima de tudo, jornalismo objetivo. Não
tem nada de manifesto.
Ao falar da banda de Carlos
Santana, por exemplo, descreve
em minúcias as brigas internas
por dinheiro e as mesquinharias
pessoais. Ainda ouve o empresário do grupo, que usou o espaço
para se defender de uma enxurrada de xingamentos.
Frente a frente com Jim Morrison, dos Doors, Fong-Torres
dispara: "Você sabe que está
gordo, não?".
No capítulo dedicado a Tina e
Ike Turner, o papel dominador e
violento do marido surge sem
retoques, o que levou Ike a passar anos sem falar com o autor.
Em geral, as entrevistas trazem
depoimentos de uma honestidade brutal, rara entre os artistas
de hoje.
Isso graças ao nome da "Rolling Stone", que, apesar de já ser
um negócio altamente lucrativo
e sobreviver às custas de anúncios de grandes gravadoras,
mantinha a aura alternativa, de
publicação com quem era OK
abrir o jogo.
É por isso que Marvin Gaye
oferece, de cara, maconha para o
entrevistador. E também a razão
por que Ray Charles falou abertamente sobre sua longa dependência de heroína.
O título "Not Fade Away" faz
alusão a uma música de Buddy
Holly, morto em 1959 aos 22
anos. E o livro mostra um tipo de
jornalismo pop que desapareceu, feitos de entrevistas às vezes
acidentais e depoimentos em
tom de confissão.
Jovens, caipiras e ainda com
certa inocência, os artistas falavam. Felizmente, Ben Fong-Torres estava lá para ouvir.
(APJ)
Avaliação:
Livro: Not Fade Away - A Backstage
Pass to 20 Years of Rock and Roll
Autor: Ben Fong-Torres
Lançamento: Miller Freeman Books
Onde encomendar: www.amazon.com
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