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SP FASHION WEEK
Forum vive retrô romântico; Walter Rodrigues mixa Japão; Cavalera assiste à TV
Inverno 2002 vem conservador
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
O inverno 2002 é temporada decisiva. As marcas devem retomar seu apelo comercial
e seduzir seus consumidores, em
tempos em que muitos não se
sentem seguros para gastar dinheiro com roupa. O resultado seriam propostas pouco arrojadas,
mais conservadoras. No terceiro
dia da São Paulo Fashion Week,
essa previsão valeu mais para Iódice e Forum. Walter Rodrigues e
Cavalera investiram em suas histórias pessoais, enquanto a Patachou fez o melhor desfile. O evento termina hoje.
A Iódice exemplifica o caso clássico de ouvir o galo cantar e não
saber onde. Identifica que a tendência é anos 70 e desfilou sua coleção ao som da disco music (seria
ironia?, o espírito do momento é
justamente o contrário). Na passarela, um megamix do que seria
o estilo Iódice (vestidos assimétricos, grafismos e ênfase na estamparia). Falta um trabalho mais
forte de imagem.
Como grande empresa que é, a
Forum quer agradar a todos, de
fashionistas a franqueados, de
preferência passando pelas patricinhas da Oscar Freire e pelos moderninhos de Ipanema. Vive numa eterna corda-bamba e continua se equilibrando nela. A maior
prova são os muitos looks de beleza do desfile: ao menos um deve
acertar seu alvo (target). Um é
bem Biba (a butique londrina final dos 60-início dos 70, esse é o
período-tendência). Outro é tipo
princesinha do Iguatemi, e o das
casquetes transformou Fabiana
Semprebom, com coque e redinha, em aeromoça.
Neste inverno mais sóbrio, a Forum vem vamp, mais misteriosa,
mas também mais velha -sobretudo nos looks em preto do início.
Muitas pantalonas com as blusinhas que todas querem, com várias opções, de fato bem comerciais. Mas nada vai vender mais
do que a calça preta pós-bailarina,
com repuxadinho atrás.
Tudo está mais sutil, e um dos
ápices do novo momento vem na
pantalona preta com top smoking. Os vestidos retrô estampados também marcam pontos e
servem como principal perfume,
e assim a consumidora da marca
continua em sintonia com as informações do Planeta Fashion.
Alguns bonitos momentos conseguiram envolver o público, especialmente quando deixa a coisa
fluir. Foi o que fez a Cavalera.
Com muito menos compromisso,
a marca de streetwear deu corda
para a jovem estilista Thaís Losso,
que fez o que quis e o que não quis
com formas, cores e estampas.
Misturou o retrô do momento
com a nostalgia das novelas, trazendo nova informação de moda
e homenageando sua musa Janete
Clair. Pop e japonesa (não de Kawakubo, mas de Harajuku), pós-moderna e, portanto, brasileira, a
marca acerta num modelo de
apresentação divertido, chave para agradar os editores da primeira
fila, sentados em sofás de ver TV.
Losso ousou principalmente no
feminino. Ao fortalecer seu estilo,
vai continuar vendendo o básico.
E não deveria mesmo ser assim?
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