SANDRO MACEDO
DO GUIA DA FOLHA

O que pode acontecer com alguém flagrado pela polícia no aeroporto com um considerável pacote de maconha? Ou alguém batendo num outro veículo depois de passar o sinal vermelho e, em vez de prestar socorro, fugir para cuidar dos próprios ferimentos? Se você for uma celebridade, nada. Ou muito pouco. É isso o que mostra o documentário "Celebridades Atrás das Grades".
O único charme fica por conta da apresentação, dividida por delitos (20 ao todo), que vão de inocentes multas de trânsito (Quentin Tarantino) a assassinato (O.J. Simpson). Se você fica indignado com a impunidade em relação aos crimes das celebridades de cá, saiba que pouco muda para os famosos de lá.
Incomoda o tom de sensacionalismo e fofoca que reina. No lugar de advogados criminalistas, os comentaristas são jornalistas especializados em Hollywood.
Entre os delitos apresentados, há os já manjados problemas com a lei de Winona Ryder (furto), Robert Downey Jr. (drogas), Hugh Grant (crime sexual), Russell Crowe (brigas) e outras curiosidades. Poucos cumpriram pena na cadeia -quase sempre o problema é resolvido com condicional, multa e serviços prestados a sociedade, não necessariamente nessa ordem.
Em alguns casos impera o ditado "há males que vêm para o bem": Quentin Tarantino, por exemplo, foi preso por cinco dias nos anos 80 (antes da fama) por acumular US$ 7.000 (R$ 18,6 mil) em multas de trânsito. Dizem que o tempo encarcerado ajudou-o na composição de diálogos e personagens para "Cães de Aluguel" (1992) e "Pulp Fiction -Tempo de Violência" (1994).
Em tempo, Paul McCartney foi pego no aeroporto de Tóquio, com um pacote de maconha, e Halle Berry fugiu depois de deixar um homem ferido em um acidente provocado por ela. Ambos estão bem longe das grades.