São Paulo, quarta-feira, 01 de fevereiro de 2006

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Western gay de Ang Lee tem oito indicações; "O Jardineiro Fiel", quatro; "2 Filhos de Francisco" fica fora

"O Segredo de Brokeback Mountain" domina o Oscar

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Fenômeno de público e crítica nos Estados Unidos, o western gay "O Segredo de Brokeback Mountain", do taiwanês Ang Lee, confirmou ontem seu favoritismo e amealhou oito indicações ao Oscar, incluindo melhor diretor, filme, ator e ator coadjuvante.
A produção estréia no Brasil na próxima sexta. A entrega das estatuetas será no dia 5/3, e deve consagrar Lee, autor também do sucesso "O Tigre e o Dragão".
Pelo western gay que ele prefere chamar de "um filme de amor", o cineasta recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza de 2005, venceu neste ano o Globo de Ouro e foi eleito por seus pares do Directors Guild of America.
Lee brincou com a audiência de seu filme em declarações à Associated Press. "Não sabia que existiam tantos gays por aí." E falou sério: "Estou surpreso com a sensibilidade e a disposição das pessoas de encarar a complexidade do tema -a possibilidade do amor, a ilusão do amor. Não são coisas simples que se possam classificar como certo ou errado".
"O Jardineiro Fiel", produção inglesa dirigida pelo brasileiro Fernando Meirelles, recebeu quatro indicações, mas não a de melhor diretor. "2 Filhos de Francisco", que tentava uma vaga na disputa de melhor filme estrangeiro, foi ignorado.
Meirelles lamenta não estar na lista de diretores concorrentes. "Claro que eu gostaria de ter sido nomeado", diz. Mas acha que a atriz de seu filme, Rachel Weisz, é favorita ao Oscar de coadjuvante, "pois já venceu o Globo de Ouro e o Screen Actors Guild" e opina que o conjunto das indicações aponta para algo mais do que "o ano de Ang Lee". "É o ano que consagra a Focus como a melhor distribuidora do mercado."
"O Jardineiro Fiel" e "O Segredo de Brokeback Mountain" pertencem à Focus e foram realizados com orçamento médio para os padrões de Hollywood, inferior a US$ 30 milhões (R$ 66 milhões).
O perfil de título médio é comum a outros três indicados a melhor filme: "Boa Noite e Boa Sorte" (Warner Independent Pictures), "Capote" (Sony Pictures Classics) e "Crash - No Limite" (Lions Gate). O peixe grande na balança é "Munique", de Steven Spielberg, produção da Universal/DreamWorks.
Ontem, Meirelles e Breno Silveira lidavam com a decepção de não terem sido indicados. "Para me consolar, penso que não precisarei mais viajar depois que voltar de Londres. Meio Pollyanna, mas é verdade", diz Meirelles.
Em Londres, "O Jardineiro Fiel" lidera as indicações ao Oscar local, o Prêmio Bafta (British Academy of Film and Television Arts). Compete em dez categorias, no dia 19 de fevereiro.
Silveira confessa que passou a noite sem dormir e, de tão nervoso, preferiu assistir sozinho ao anúncio dos indicados, na manhã de ontem, em sua casa, no Rio.
Quando percebeu sua ausência entre os finalistas, diz ter pensado: "O filme já teve uma carreira muito maior do que eu imaginava. Esperar dele uma indicação ao Oscar talvez seja muita pretensão de principiante". Silveira é fotógrafo, e "2 Filhos..." é seu primeiro longa de ficção como diretor.
Olhando retrospectiva e criticamente a campanha do filme nos EUA, pela indicação ao Oscar, na qual foram investidos US$ 150 mil (R$ 331 mil), Silveira diz que talvez o erro tenha sido iniciá-la com atraso.
"O sucesso [no Brasil] deixou a gente desnorteado. Senti que começamos tarde." É no sucesso nacional, porém, que ele busca razão para revigorar o ânimo.
"A maior glória são essas pazes que o filme fez com o espectador brasileiro [5,3 milhões de espectadores em 2005, maior público do ano]. Conseguimos derrubar a hegemonia gringa. Isso dá um bem-estar", afirma.


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