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Western gay de Ang Lee tem oito indicações; "O Jardineiro Fiel", quatro; "2 Filhos de Francisco" fica fora
"O Segredo de Brokeback Mountain" domina o Oscar
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Fenômeno de público e crítica
nos Estados Unidos, o western
gay "O Segredo de Brokeback
Mountain", do taiwanês Ang Lee,
confirmou ontem seu favoritismo
e amealhou oito indicações ao Oscar, incluindo melhor diretor, filme, ator e ator coadjuvante.
A produção estréia no Brasil na
próxima sexta. A entrega das estatuetas será no dia 5/3, e deve consagrar Lee, autor também do sucesso "O Tigre e o Dragão".
Pelo western gay que ele prefere
chamar de "um filme de amor", o
cineasta recebeu o Leão de Ouro
no Festival de Veneza de 2005,
venceu neste ano o Globo de Ouro
e foi eleito por seus pares do Directors Guild of America.
Lee brincou com a audiência de
seu filme em declarações à Associated Press. "Não sabia que existiam tantos gays por aí." E falou
sério: "Estou surpreso com a sensibilidade e a disposição das pessoas de encarar a complexidade
do tema -a possibilidade do
amor, a ilusão do amor. Não são
coisas simples que se possam classificar como certo ou errado".
"O Jardineiro Fiel", produção
inglesa dirigida pelo brasileiro
Fernando Meirelles, recebeu quatro indicações, mas não a de melhor diretor. "2 Filhos de Francisco", que tentava uma vaga na disputa de melhor filme estrangeiro,
foi ignorado.
Meirelles lamenta não estar na
lista de diretores concorrentes.
"Claro que eu gostaria de ter sido
nomeado", diz. Mas acha que a
atriz de seu filme, Rachel Weisz, é
favorita ao Oscar de coadjuvante,
"pois já venceu o Globo de Ouro e
o Screen Actors Guild" e opina
que o conjunto das indicações
aponta para algo mais do que "o
ano de Ang Lee". "É o ano que
consagra a Focus como a melhor
distribuidora do mercado."
"O Jardineiro Fiel" e "O Segredo
de Brokeback Mountain" pertencem à Focus e foram realizados
com orçamento médio para os
padrões de Hollywood, inferior a
US$ 30 milhões (R$ 66 milhões).
O perfil de título médio é comum a outros três indicados a
melhor filme: "Boa Noite e Boa
Sorte" (Warner Independent Pictures), "Capote" (Sony Pictures
Classics) e "Crash - No Limite"
(Lions Gate). O peixe grande na
balança é "Munique", de Steven
Spielberg, produção da Universal/DreamWorks.
Ontem, Meirelles e Breno Silveira lidavam com a decepção de não
terem sido indicados. "Para me
consolar, penso que não precisarei mais viajar depois que voltar
de Londres. Meio Pollyanna, mas
é verdade", diz Meirelles.
Em Londres, "O Jardineiro Fiel"
lidera as indicações ao Oscar local, o Prêmio Bafta (British Academy of Film and Television
Arts). Compete em dez categorias, no dia 19 de fevereiro.
Silveira confessa que passou a
noite sem dormir e, de tão nervoso, preferiu assistir sozinho ao
anúncio dos indicados, na manhã
de ontem, em sua casa, no Rio.
Quando percebeu sua ausência
entre os finalistas, diz ter pensado:
"O filme já teve uma carreira muito maior do que eu imaginava. Esperar dele uma indicação ao Oscar talvez seja muita pretensão de
principiante". Silveira é fotógrafo,
e "2 Filhos..." é seu primeiro longa
de ficção como diretor.
Olhando retrospectiva e criticamente a campanha do filme nos
EUA, pela indicação ao Oscar, na
qual foram investidos US$ 150 mil
(R$ 331 mil), Silveira diz que talvez o erro tenha sido iniciá-la com
atraso.
"O sucesso [no Brasil] deixou a
gente desnorteado. Senti que começamos tarde." É no sucesso nacional, porém, que ele busca razão
para revigorar o ânimo.
"A maior glória são essas pazes
que o filme fez com o espectador
brasileiro [5,3 milhões de espectadores em 2005, maior público do
ano]. Conseguimos derrubar a
hegemonia gringa. Isso dá um
bem-estar", afirma.
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