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ANÁLISE
"Filme Judeu" é o plano B de Hollywood a "Filme Gay"
SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL
O tempo passa, o tempo voa, e
Hollywood continua tucana. Envergonhada, deu apenas oito indicações ao "Filme Gay" (também
conhecido como "O Segredo de
Brokeback Mountain"), incluindo as importantes filme, diretor,
ator e roteiro adaptado. Não chega perto de recordes de anos anteriores para filmes piores.
E -só para o caso de a América
Profunda chiar muito- deu cinco indicações ao "Filme Judeu"
(também conhecido como "Munique"), incluindo os importantes filme, diretor e roteiro adaptado. É o plano B, uma cortina de
fumaça, saídos do inconsciente
coletivo dos 6.000 eleitores.
O provável é que os dois títulos
pulverizem as estatuetas importantes na noite de 5 de março, em
Los Angeles, com um ou outro
agrado jogado ao "Filme do Jornalista Gay" ("Capote"), provavelmente o primeiro e merecido
Oscar de ator a Philip Seymour
Hoffman, e ao "Filme do Jornalista Liberal" ("Boa Noite e Boa Sorte"), talvez roteiro original.
Satisfaz, assim, os dois lobbies
mais importantes da indústria do
entretenimento sem alienar o
grande público, que é quem afinal
paga as contas do pessoal. Se for
dessa maneira, o que sobra ao
"Filme Brasileiro" ("O Jardineiro
Fiel", dirigido por Fernando Meirelles)? Pouca coisa, infelizmente.
Das quatro indicações que recebeu -atriz coadjuvante, roteiro
adaptado, trilha sonora original e
edição-, é a da britânica Rachel
Weisz que tem mais chances. Por
dois motivos: ela já levou o Globo
de Ouro e a concorrência é fraca.
Na outra que importa, os concorrentes são peso-pesado demais. Em roteiro adaptado, apesar de a obra original ser de John
Le Carré, há o favorito "Brokeback Mountain", o elogiado "Capote" e o prestigiado dramaturgo
Tony Kushner ("Munique"), autor de "Angels in America", sobre
os anos Reagan e a Aids.
Estrangeiros
Na categoria estrangeira, deu o
óbvio: o italiano "La Bestia nel
Cuore", história de dois irmãos
que foram vítimas de abuso sexual na infância; a superprodução
francesa "Joyeux Noël", sobre a
Primeira Guerra; o alemão "Uma
Mulher contra Hitler", que fala da
participação feminina na resistência ao nazismo; e "Tsotsi", um
"Cidade de Deus" sul-africano.
Completa a lista o provável vencedor, o palestino "Paradise
Now", sobre homens-bomba,
atualmente em cartaz em São
Paulo. Ficaram de fora o brasileiro "2 Filhos de Francisco", de Breno Silveira, apesar de boa campanha publicitária e do prêmio em
Palm Springs, e o iraquiano "Réquiem da Neve", que poderia ter
entrado por motivos geopolíticos.
O resto é o resto, com um registro final e não-ufanista: intrincado, bem-feito, original, o belo "O
Jardineiro Fiel" merecia mais.
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