São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Morre aos 89 anos o escritor Sidney Sheldon

Criador de "Jeannie é um Gênio", Sheldon ficou famoso como autor best-seller

Em 1948, escritor venceu Oscar de melhor roteiro original; no Brasil, seu primeiro romance, "A Outra Face", é o mais vendido


Jonathan J. Dwyer/Associated Press
Sidney Sheldon, aos 86 anos, em sua casa em Palm Springs; romancista best-seller, foi premiado no teatro, cinema e televisão


DA REPORTAGEM LOCAL

Criador da série "Jeannie é um Gênio", roteirista vencedor do Oscar em 1948, dramaturgo premiado e escritor de best-sellers como "O Outro Lado da Meia-Noite" e "A Herdeira", o americano Sidney Sheldon morreu anteontem à tarde, em um hospital de Palm Springs, Califórnia, aos 89 anos, de complicações de uma pneumonia.
A primeira mulher de Sheldon, Jorja Curtright Sheldon, morreu em 1985. O escritor era casado com Alexandra Kostoff desde 1989, e deixa ainda uma filha, a escritora Mary Sheldon, e dois netos. A família não deu detalhes sobre o funeral.

Trajetória
Nascido no dia 17 de fevereiro de 1917, em Chicago, filho de pai alemão e mãe russa, ambos judeus, Sheldon Shechtel se mudou para Hollywood aos 17 anos, quando começou a trabalhar como parecerista de roteiros para o estúdio Universal.
Aos 25, depois de servir como piloto durante a Segunda Guerra, já havia acumulado três musicais de sucesso na Broadway: "A Viúva Alegre", "Jackpot" e "Dream With Music". Ainda como dramaturgo, foi vencedor de um Tony Award, em 1959, pelo musical "Redhead", estrelado por Gwen Verdon.
Depois de vencer o Oscar de melhor roteiro original por "Solteirão Cobiçado", comédia estrelada por Cary Grant e Shirley Temple, Sheldon, já roteirista dos estúdios MGM e Paramount, escreveu outros 25 filmes, entre eles "Desfile de Páscoa", com Judy Garland e Fred Astaire e "Maravilhas em Desfile", com Bing Crosby.
Em 1963 o escritor se voltou para a televisão, como roteirista de "The Patty Duke Show", e posteriormente como criador, produtor e roteirista de "Jeannie é um Gênio", seriado que teve cinco temporadas, entre 1965 e 1970, quando ele começou a escrever seu primeiro romance, aos 50 anos.
O resultado foi "A Outra Face", desprezado pela crítica, mas que vendeu 21 mil cópias na edição de capa dura, e 3,1 milhões na edição em brochura. Lançado em 1975 no Brasil, onde esteve duas vezes, esse é o romance mais vendido de Sheldon no país, com mais de 270 mil exemplares impressos.
Na segunda metade da década de 70, ainda produzindo e escrevendo seriados de TV como "Casal 20", Sheldon continuou a carreira de romancista, tornando-se um habitué das listas de mais vendidos. Os personagens femininos fortes eram sua marca registrada.
Nos anos 80, todos os romances que escreveu -"A Ira dos Anjos", "O Reverso da Medalha", "Se Houver Amanhã", "Um Capricho dos Deuses" e "As Areias do Tempo", tornaram-se minisséries de TV. Também nessa década Sheldon recebeu uma estrela na Calçada da Fama, em Holllywood.
Ao todo, o escritor publicou 18 romances e foi traduzido para 50 idiomas, o que lhe rendeu, nos anos 90, uma menção no livro de recordes "Guinness" como "autor mais traduzido do mundo". Seus livros foram comercializados em 180 países. O número de vendas já ultrapassam 300 milhões de exemplares em todo o mundo.

Memórias
Em 2000 e 2004 saem no Brasil "O Céu Está Caindo" e "Quem tem Medo de Escuro?", último romances do autor. Sua carreira soma ainda 250 roteiros para televisão, 25 filmes e seis peças para a Broadway.
Em 2005, o escritor lançou seu último livro, "O Outro Lado de Mim", autobiografia de 378 páginas em que dedica apenas 20, e com interrupções, à sua experiência como romancista. "Em "O Outro Lado de Mim", escrevi sobre meus primeiros anos na Broadway e em Hollywood. Eu só comecei a escrever romances quando tinha 50 anos de idade", lembrou Sheldon em entrevista à Folha, em dezembro de 2005.
"Escrevi minhas memórias porque decidi fazê-lo enquanto sou jovem. Os romances que eu escrevi não existem para justificar nada -eles foram feitos para entreter o leitor."


Texto Anterior: Horário nobre na TV Aberta
Próximo Texto: Análise: Vida do autor superou a sua literatura
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.