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Má Educação
Com roteiro de Nick Hornby, filme aborda garota seduzida por homem mais velho na Londres dos anos 60
Divulgação
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Jenny (Carey Mulligan, ao centro) em ‘Educação’, da
dinamarquesa Lone Scherfig
FERNANDA EZABELLA
DA REPORTAGEM LOCAL
Lone Scherfig, diretora dinamarquesa de 50 anos, nunca
precisou usar uniforme escolar, como os que se vê em seu
novo filme, o premiado "Educação", que estreia no Brasil no
dia 19. Tampouco teve uma formação careta, como a das escolas conservadoras de Londres,
onde se passa o longa, ambientado nos anos 60, antes dos
Beatles e dos Rolling Stones.
Ao contrário, Scherfig é uma
mulher de vanguarda, a primeira a dirigir com os conceitos radicais do movimento Dogma
95, "Italiano para Principiantes" (2000), que lhe valeu um
Urso de Prata em Berlim.
Para voltar no tempo e filmar
"Educação" na Londres pré-"swinging sixties", ela mergulhou em extensa pesquisa histórica, lapidando o roteiro do
inglês Nick Hornby, que aqui
faz a primeira adaptação de um
livro que não seja seu -as memórias da jornalista Lynn Barber. A editora Rocco lança o livro com o roteiro neste mês.
A jovem protagonista, Jenny,
tenta de várias maneiras escapar dessa vida tediosa, sonhando com Paris e aprendendo
francês, até que conhece David,
um homem mais velho que lhe
apresenta os encantos da vida
adulta e burguesa.
"Li o roteiro primeiro e de cara gostei muito do personagem
David; é um retrato interessante que eu queria explorar", disse Scherfig por telefone à Folha. "Sempre gostei muito dessa combinação de humor, emoção e algo profundo dos romances de Nick."
David (Peter Sarsgaard) é um
homem misterioso que seduz
não só Jenny (Carey Mulligan),
uma garota estudiosa de 16
anos prestes a terminar o colégio, mas também seu rigoroso
pai (Alfred Molina) e, de quebra, o espectador. É como se
David representasse o futuro, a
modernidade que Londres viria a conhecer anos depois.
Influências do Dogma
Mesmo ainda sem a explosão
cultural, Londres surge bastante sonora. "Uma ou duas das
canções foram sugestões de
Nick. Ele é muito bom nisso,
mas havia algumas no roteiro
que não funcionaram", disse.
"Naquela época, boa música vinha da América [...] Foi difícil
achar coisas que tinham a ver;
passamos um tempão ouvindo
músicas e mais músicas. Adoro
essa parte do trabalho."
Scherfig foi a quinta pessoa a
entrar no movimento Dogma,
criado pelos conterrâneos Lars
von Trier e Thomas Vinterberg, em 1995, por um cinema
mais realista e menos comercial, influência que ela diz ter
levado para "Educação".
"Há um pouco de Dogma
aqui e ali. Um pouquinho de
improvisação, mas bem de leve", diz. "Acho que essa sensibilidade e essa inocência [da história], além do fato de o filme
não ser escorregadio ou superproduzido, é uma honestidade
com a qual eu fico feliz. E acho
que tem a ver com Dogma."
Scherfig diz que qualquer um
pode ainda fazer um filme Dogma, embora concorde que algumas regras possam ter ficado
obsoletas. "Tecnicamente,
muita coisa aconteceu desde
então. Mas você pode interpretar de maneiras diferentes",
diz. "A maioria de nós diz que,
se conseguíssemos um roteiro
certo, voltaríamos a fazer de
novo. Amávamos isso."
"Educação", que passou na
33ª Mostra de São Paulo com o
nome "Sedução", lidera as indicações ao Bafta, prêmio da academia britânica, concorrendo
em oito categorias, assim como
"Avatar" e "Guerra ao Terror".
Mulligan, 24, que até então
tinha feito poucos trabalhos,
tem se destacado na temporada
de prêmios como a atriz revelação de 2009. Após "Educação",
já emendou outros oito longas.
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