São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/show

Cranberries faz show quadrado e sério em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Com os cabelos bem curtos e o corpo franzino, quase frágil, Dolores O'Riordan entra no palco e nos dá a impressão de que ela dificilmente conseguirá domar a agitação do público que recebe o Cranberries. Mas, ao soltar a voz e elaborar os primeiros gestos, essa irlandesa coloca nas mãos as 6.700 pessoas que estão ali para vê-la.
O'Riordan evoca uma postura messiânica a partir de seu vozeirão e das letras que canta, e é essa atitude que gera certo incômodo na apresentação.
Quarteto formado no comecinho dos anos 1990 em Limerick, na Irlanda, o Cranberries fez show na sexta à noite no Credicard Hall, em São Paulo, como parte da turnê brasileira que passou pelo Rio, se estenderia por Belo Horizonte ontem e que será encerrada na quarta-feira em Porto Alegre.
Em São Paulo, a banda viu um Credicard Hall com lotação máxima e fãs emocionados.
O'Riordan, Noel Hogan (guitarra), Michael Hogan (baixo) e Fergal Lawler (bateria) posicionaram-se em meio a um cenário mínimo, formado apenas por um enorme pano na parte de trás do palco.
A banda iniciou a apresentação pouco antes das 22h30 (o horário previsto era 22h) e tocou por uma hora e meia.
A imensa popularidade do grupo irlandês veio com "Everybody Else Is Doing It, So Why Can't We?" (1993) e "No Need to Argue" (1994), e foram esses dois discos que serviram de alicerces para o show. Das 22 músicas executadas, 13 foram tiradas desses álbuns. São canções que martelaram bastante nas rádios brasileiras, como "Linger", "Zombie", "Ode to My Family" e "Dreams".
A balada "Linger", o maior hit do Cranberries, apareceu já como a terceira música do show -como se a banda quisesse se livrar logo de cara da obrigação de ter de tocar a canção -e nesse momento ainda havia fãs entrando no Credicard Hall.
O'Riordan é a comandante do grupo, tanto que um punhado de músicas de sua carreira solo são tocadas, como "Ordinary Day", "Lunatic" e "The Journey". Enquanto ela caminha, corre e salta de um lado ao outro do palco, os outros três músicos permanecem distantes, no fundo, quase como coadjuvantes.
A estrela é a vocalista -mas ela é, também, o ponto irritante da banda. Fala muito entre as canções, age e canta como se estivesse passando mensagens positivas ao público.
Isso deixa o show quadrado, sério demais. Chato.
Nesse sentido, Dolores O'Riordan lembra o conterrâneo Bono. Mas mesmo Bono guarda um pingo de ironia. Falta isso ao Cranberries.
(THIAGO NEY)


Avaliação: regular



Texto Anterior: Novo reality acompanha rotina de ações da polícia de São Paulo
Próximo Texto: Resumo das novelas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.