São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2011

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Festival exibe filmes restaurados em SP

"A Imagem Reencontrada" homenageia os 25 anos de mostra italiana dedicada a preservar obras clássicas

Evento começa hoje com os longas "Maciste no Inferno" e "A Caixa de Pandora"; Fellini também é destaque

Divulgação
Cena de "A Trapaça" (1955), de Federico Fellini, destaque do festival que começa hoje

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Não haverá, é verdade, as magníficas exibições para 4.000 espectadores na Piazza Maggiore de Bolonha.
Nem um grande diretor homenageado.
Nem os debates com os grandes historiadores, restauradores ou críticos.
Mas, apesar disso, a primeira edição de "A Imagem Reencontrada" (Il Cinema Ritrovato) promete desde já tornar-se um dos grandes eventos cinematográficos de São Paulo.
O evento é uma tradição na Itália há 25 anos e sua essência consiste na exibição de filmes restaurados (a maior parte deles pela Cinemateca de Bolonha), sejam eles sonoros ou mudos, branco e preto ou coloridos.
É algo diferente, por exemplo, das Jornadas do Cinema Silencioso, que se realizam em São Paulo há alguns anos.
Em termos de apelo ao público, talvez a principal atração da mostra seja a exibição de "A Trapaça" (1955), um ótimo filme do italiano Federico Fellini (1920-1993), restaurado em 2001.
Ou ainda "Quando Explode a Vingança", de 1971, o último faroeste de Sergio Leone (1929-1989).

LOUISE BROOKS
Os cinéfilos que procurarão as projeções do Centro Cultural São Paulo, além de torcerem para que estejam com boa qualidade, não se conformarão em perder certos títulos propostos pelo curador da mostra, Guy Borlée.
A começar pelo mudo "A Caixa de Pandora" (1928), ponto alto da carreira do diretor alemão G.W. Pabst (1885-1967) e da estrela norte-americana Louise Brooks (1906-1985).
Mas convém não esquecer o longa "Maciste no Inferno" (1926), do italiano Guido Brignone (1886-1959), por vários motivos.
Primeiro, trata-se de um restauro recentíssimo, de 2009. Depois, de um dos heróis mais persistentes do cinema mundial.
Ele já marca presença no célebre "Cabiria" (1914) e suas aventuras mitológicas prosseguem até pelo menos 1973. Aqui, Maciste será levado ao inferno e enfrentará um enxame de demônios.
Não menos relevantes são as "Notas para Filmar Orestes na África" (1970), de Pier Paolo Pasolini (1922-1975) ou "O Posto" (1961), de outro importante diretor italiano, Ermanno Olmi.

GUY BORLÉE
"Redes" (1936), feito por Fred Zinnemann (1907-1997) no México, será pelo menos uma formidável curiosidade, assim como "De Volta à África", documentário de Daniel Rogosin (1960) sobre o apartheid na África do Sul.
Central nessa mostra será a mesa com o curador Guy Borlée, em que se poderá abordar as variedades, urgências, encantos e dificuldades do restauro, instituição quase desconhecida que impede o desaparecimento das imagens filmadas.


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