São Paulo, sexta-feira, 01 de março de 2002

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ERIKA PALOMINO

PLANETA FASHION PEGA FOGO: COMEÇA MILÃO

O Planeta Fashion está pegando fogo. É o início da temporada de desfiles de Milão, para o outono-inverno 2002/2003. Hoje é dia de Prada na cidade italiana, o primeiro desfile realmente importante da estação e o mais importante de hoje. E os editores e compradores que importam só chegaram a Milão ontem, em tempo de conhecer o novo, segundo Miuccia Prada.
Nova York teve Calvin Klein mais austero do que nunca em coleção all-black, em que o estilista ousou tocar no calo dos nova-iorquinos, misturando militarismo com caftans do Oriente Médio. O melhor são os vestidos rodados, tipo gipsy. A tendência eduardiana foi o tom da coleção de Ralph Lauren, também em preto e reforçando sua vocação como marca de luxo. O austríaco Helmut Lang voltou a mostrar coleção na cidade e trouxe silhueta fragmentada com sobreposições de faixas e detalhes metálicos em dourado e prata. Tecidos metalizados deram o tom também do desfile performático do exótico quarteto As Four, hit no Downtown.
Já a marca Pierrot fez desfile tipo Sommer, com inspiração em contos de fadas. Fechando a semana nova-iorquina, o divertido Jeremy Scott mostrou um inverno colorido em que propõe crossover entre Courréges e Jude Jetson. Seu futurismo retrô divertiu os fashionistas, que se lembraram de Mugler nos anos 80.
Na sonolenta temporada de Londres, Sophia Kokosalaki se destacou, com um desfile disputadíssimo, que teve até McQueen (pela segunda vez) na platéia. Abriu com vestidos de inspiração cubista (Ghesquière também fez para Balenciaga) e agradou com um belo trabalho de tramas nos decotes dos vestidos e nas jaquetas masculinas em couro. Hamish Morrow fez um desfile de 16 looks para mostrar sua coleção colorida batizada de "São, Salvo, Suspenso", de inspiração no alpinismo. Conseguiu bons efeitos misturando tênis e meiões esportivos com silhueta cocooning envolvida por cordas de alpinista. Mais comercial, a marca Blaak usou inspiração étnica para coleção de apelo urbano com muitas sobreposições. O tie-dye é um fundamento. Já Julien MacDonald conseguiu limpar sua barra depois do desastroso desfile de alta-costura para Givenchy. Ele continua apostando no sexy, desta vez com imagem Roxy Music desfilada ao som de "Rebel, Rebel", de David Bowie. Nada de novo, no entanto.

BRASILEIROS NA EUROPA

Desta vez são quatro os estilistas brasileiros que se preparam para mostrar coleção de outono-inverno 2002 nas passarelas de Paris. Entre eles, Alexandre Herchcovitch é o primeiro estilista a mostrar sua coleção. O desfile acontece no dia 9 de março, no Union Centrale des Arts Décoratifs (109, rue Rivoli). Esse é um dos melhores dias da temporada de Paris, pois desfilam ainda Jean Paul Gaultier, Givenchy, Viktor & Rolf, Ann Demeulemeester e Alexander McQueen. No dia seguinte, é a vez do estilista Walter Rodrigues fazer sua estréia em Paris, depois do desfile de Clements Ribeiro, de Suzanne Clements e do brasileiro Ignácio Ribeiro. O Petit Palais, que fica na avenida Winston Churchill, é o local dos dois desfiles.
Icarius de Menezes é outro brasileiro em Paris. Ele mostra seu inverno em apresentação no penúltimo dia do evento, 14 de março, no meio de nomes de pouco destaque. O estilista, que recentemente esteve no Brasil trabalhando como diretor criativo da marca de casualwear TNG, também mostra sua coleção no Petit Palais, às 19h.
O estilista Reinaldo Lourenço embarca para Paris em breve, onde mostrará sua renascença industrial em esquema de showroom.
Mas esses não são os únicos estilistas brasileiros que desfilam em passarelas internacionais nesta temporada. Na sempre exótica London Fashion Week, o estilista Carlos Miele decidiu usar a St. Peter's Church como palco para apresentação de sua coleção de inverno.
Em crítica para o jornal "International Herald Tribune", Suzy Menkes, a jornalista mais respeitada do Planeta Fashion, diz a respeito do desfile de Miele: "Igrejas agora são alugadas para eventos de moda. O brasileiro Carlos Miele encheu o altar com bonecos de vodu e velas e mostrou vestidos sensuais feitos a mão em patchwork de denim ou com uma mistura de rendas, crochê e couro", completa a jornalista.



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