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LIVROS/LANÇAMENTOS
"PREPARE SEU CORAÇÃO"
Produtor dirigiu eventos históricos dos anos 60
Solano Ribeiro relata sua versão sobre os festivais
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os festivais de MPB ganham revisão em livro, feita por dentro
pelo seu principal idealizador, o
produtor paulista Solano Ribeiro.
Em "Prepare Seu Coração - A
História dos Grandes Festivais", o
neo-escritor conta também outras memórias. Lembra-se de
quando foi ator de teatro, nos
anos 60, ou de quando diz ter tentado espantar o jabaculê (execução de música mediante pagamento) de uma rádio nos 70.
Mas é a relevância de sua participação nos festivais históricos
dos anos 60 que justifica tanto o
subtítulo do livro quanto sua existência. Ele admite, no entanto,
que não se trata de um trabalho
extensivo, de biografia: "Minha
visão dos festivais é muito restrita,
até porque é de quem estava fazendo, uma visão de bastidor".
Realçam-se no livro as polêmicas que acompanharam cada uma
das premiações mais acirradas.
De 66, o livro descreve a disputa (e
empate final) entre "A Banda"
(Chico Buarque) e "Disparada"
(Geraldo Vandré), sugerindo que
Chico tendia inicialmente a ser o
vencedor. Mas Ribeiro fecha
questão na legitimidade do resultado final: "O empate existiu".
De 67, diz que a polarização entre a tropicalista "Domingo no
Parque" (Gilberto Gil) e a mais
tradicional "Ponteio" (Edu Lobo)
não trouxe maiores discussões.
"O júri foi conservador e optou
por "Ponteio'", avalia ele, que preferia "Domingo no Parque".
O mesmo não diz da radicalização de 68, quando a idílica "Sabiá"
(de Chico e Tom Jobim) venceu a
participante "Pra Não Dizer que
Não Falei de Flores" (de Vandré),
segundo o livro sugere, por imposição do regime militar. Mas tira o
corpo fora do caso (ele não foi o
diretor-geral, naquele ano). "Não
tenho elementos para provar que
foi assim, mas ouvi falar".
Sobre o "Festival dos Festivais"
(85), nega que José Bonifácio Sobrinho, da Rede Globo, houvesse
determinado a vitória de "Escrito
nas Estrelas" (com Tetê Espíndola) sobre "Mira, Ira". "Não houve
jamais isso. Inclusive eu achei melhor que não ganhasse "Mira, Ira",
que na minha opinião forçava a
barra no efeito "festivalesco"."
O livro é especialmente ácido
com a tentativa de mais uma ressurreição dos festivais pela Globo,
em 2000. "Foi a primeira vez que
não tive controle total. Aquele festival teve 48 cenários diferentes e
nenhum diretor musical sequer",
critica.
Solano Ribeiro afirma, afinal,
que não teve de omitir detalhes da
história épica que atravessa suas
memórias pessoais. "Fiz um relato dentro de minha maior possibilidade de ser sincero, do limite
do meu pudor e da minha ética."
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