EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

Quer saber por que as pessoas ficam mais atraentes aos olhos de quem está bêbado? Ou por que velhos têm orelhas peludas, e as idosas, barbas?
Uma bem-humorada compilação de dúvidas médicas, com as respectivas respostas, acaba de ser lançada no Brasil. No mundo, mais de 2 milhões de pessoas já compraram o livro "Por Que os Homens Têm Tetas", alçando o título ao primeiro lugar na lista de mais vendidos do jornal "The New York Times".
Assinado por Mark Leyner, escritor e roteirista, e Billy Goldberg, médico que trabalha na emergência de um hospital em Nova York, o livro contém perguntas esdrúxulas que, segundo Goldberg, ele e seus colegas de profissão ouvem de alguém que exagerou na dose numa festa. Ou da própria família, em inoportunas ligações no meio da noite.
"Já fui muitas vezes puxado para um canto de uma casa durante uma festa para examinar alguém. Geralmente começa assim, e daí para as perguntas mais estranhas é um pulo", conta o médico Goldberg em entrevista à Folha.
O compêndio se divide em nove categorias, que incluem da inocente "sobre o que você come" à estranha "esquisitices do corpo". Os campeões de "ocorrências" foram, revela Leyner, os capítulos "piadas de banheiros", com esclarecimentos na linha "o que é mais perigoso para um náufrago, beber água do mar ou sua própria urina?" para baixo. E o sobre sexo.
"Tenho de confessar que esta última é a minha favorita, porque sexo obviamente é minha atividade preferida", afirma Leyner, que já está preparando, novamente a quatro mãos, com Goldberg, uma continuação, que receberá o título "Why Do Men Fall Asleep After Sex?" [por que os homens dormem depois de transar?], sem previsão de lançamento no Brasil.
"Também gosto do capítulo sobre as coisas estranhas do corpo. Mas não que eu tenha um corpo esquisito", garante Leyner.

"Aquilo"
O capítulo "sexual" explica como se forma a mancha roxa de "chupões" na pele e desmistifica a relação entre o tamanho de mãos, nariz, pés e pênis. Sustenta que, sim, é possível quebrar o órgão quando ereto.
"Mas não pense em resolver o problema com gesso ou muletas", avisam os autores.
Goldberg, que ficou responsável pela parte mais científica do projeto, diz que sua pergunta preferida é uma velha dúvida que acomete sobretudo os adolescentes: quem se masturba pode ficar gago, cego ou criar pêlos na palma da mão?
"Não é pela pergunta em si. É mais porque acabamos descobrindo um estudo que prova que a masturbação pode reduzir o risco de câncer de próstata", "prescreve" o médico.
Leyner, que se autodenomina o "terceiro martíni" na parceria, diz que as perguntas mais engraçadas do livro são aquelas que envolvem explosões: seja em casos de excesso de comida, retenção de urina ou de gases.
"As pessoas parecem ter um medo mórbido de explodir. É engraçado, mas me parece um triste sinal dos tempos", brinca o autor.

Batata quente
Cercados de perguntas muitas vezes embaraçosas, os autores se comprometeram a não abrir mão de nenhuma delas, citando até eles mesmos em algumas de suas explicações. Uma exceção foi uma pergunta sobre o uso contraceptivo de batatas -não por via oral, mas em "aplicação" local- no sul dos Estados Unidos.
"Nosso editor vem de lá, e eu acho que essa questão poderia ofender sua sensibilidade sulina", explica Goldberg.
Os autores abrem seu livro contando como se conheceram pouco antes de trabalharem juntos como consultores de "Wonderland", seriado sobre o cotidiano do pronto-socorro de um hospital psiquiátrico, de onde foram consultores.
Leyner visitou Goldberg no hospital onde ele trabalha e, diante de um paciente perturbado, que dizia ser o Super-Homem, e fazia pouco caso dos calmantes do médico, receitou em voz alta: "Dê kriptonita a ele!". O paciente ficou tranqüilo na hora.
Numa lista de agradecimentos, Goldberg e Leyner reconhecem a inspiração que receberam de um elenco estrelado de doutores como Jivago, Scholl, Doolittle, Jekyll, Kildare, Fantástico e Dre, entre outros. E advertem: não tentem responder àquelas perguntas, a não ser que sejam mães.
"Elas são as especialistas na família até qualquer ordem contrária", atesta Goldberg. "Deve ter sido um duro golpe para minha quando passei a substitui-la."