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Pirataria espalha o funk da Baixada
Músicos fazem pequenas tiragens de CDs, que caem nas mãos dos "pirateiros" e chegam a cidades como Porto Alegre
Rádios comunitárias e salões de cabeleireiro colaboram na divulgação do estilo; Rede TV! local exibe programa sobre o funk
DA REPORTAGEM LOCAL
A exemplo da indústria do
tecnobrega, no Pará, que utiliza
a pirataria para compilar os
CDs e disseminar os trabalhos
de seus artistas, os funkeiros da
Baixada Santista também não
vêem problemas na atuação do
mercado paralelo.
"Entramos na cena de São
Paulo devido à ação dos "pirateiros" que vinham pra cá e copiavam nossos CDs oficiais",
conta o DJ e empresário Marcelo Fernandes, 27. "O funk está espalhado por todos os lugares, do litoral sul ao norte. Como chega lá? Pela pirataria",
acha Fernandes.
Dinho da VP diz que ficou
impressionado em sua estréia
em Caieiras, município próximo a São Paulo, onde "até o
pessoal do bar sabia as letras".
MCs como Dinho costumam
fazer álbuns com pequenas tiragens, de mil a 3.000 cópias,
que são vendidas em shows,
distribuídas em rádios e clubes.
Parte delas cai nas mãos da
pirataria. "É assim que acredito
que chegamos em cidades como Belo Horizonte e Porto Alegre. Cada uma tem um "pirateiro" que trabalha com o funk",
fala Fernandes. Dessa maneira,
os funkeiros conseguem emplacar hits e marcar apresentações, que garantem seus salários. "A pirataria é ruim porque,
com ela, perdemos todos os direitos sobre a obra. Mas, como
o funk é independente, não tem
gravadora, isso acaba sendo revertido em shows", afirma o
empresário.
Rádios comunitárias
Além da pirataria, outro
meio de divulgação do funk
paulista são as rádios comunitárias. Fernandes conta que há
dezenas delas espalhadas pela
Baixada Santista com programação especialmente dedicada
ao funk -carioca e da região.
Recentemente, a promoção
do funk na Baixada Santista ganhou uma poderosa aliada: a televisão. Há três semanas, a retransmissora da Rede TV! na
região passou a exibir o "Litoral
Funk na TV", programa que vai
ao ar sempre aos sábados, das
13h30 às 14h.
Por fim, os salões de cabeleireiro da periferia também entram na lista de promotores.
Além de vender os CDs de funk
e divulgar os flyers das baladas,
aos sábados, os salões costumam ser freqüentados pelos
MCs, que fazem sessões de sobrancelha e cabelo -sim, figurões do funk da Baixada Santista, como Dinho da VP e Renatinho, são muito vaidosos.
"O público dos bailes mudou
muito. Antigamente era só o
pessoal da comunidade que
curtia", explica o MC Primo.
"Hoje, há pessoas que moram
em apartamentos de frente para a praia. Os funkeiros não
querem ficar por baixo da playboyzada, que vai de tênis novo,
roupa nova e acaba pegando a
mulherada. A molecada da periferia também quer se vestir
bem para passar uma boa imagem."
(ADRIANA FERREIRA SILVA)
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