São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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Pirataria espalha o funk da Baixada

Músicos fazem pequenas tiragens de CDs, que caem nas mãos dos "pirateiros" e chegam a cidades como Porto Alegre

Rádios comunitárias e salões de cabeleireiro colaboram na divulgação do estilo; Rede TV! local exibe programa sobre o funk

DA REPORTAGEM LOCAL

A exemplo da indústria do tecnobrega, no Pará, que utiliza a pirataria para compilar os CDs e disseminar os trabalhos de seus artistas, os funkeiros da Baixada Santista também não vêem problemas na atuação do mercado paralelo.
"Entramos na cena de São Paulo devido à ação dos "pirateiros" que vinham pra cá e copiavam nossos CDs oficiais", conta o DJ e empresário Marcelo Fernandes, 27. "O funk está espalhado por todos os lugares, do litoral sul ao norte. Como chega lá? Pela pirataria", acha Fernandes.
Dinho da VP diz que ficou impressionado em sua estréia em Caieiras, município próximo a São Paulo, onde "até o pessoal do bar sabia as letras".
MCs como Dinho costumam fazer álbuns com pequenas tiragens, de mil a 3.000 cópias, que são vendidas em shows, distribuídas em rádios e clubes.
Parte delas cai nas mãos da pirataria. "É assim que acredito que chegamos em cidades como Belo Horizonte e Porto Alegre. Cada uma tem um "pirateiro" que trabalha com o funk", fala Fernandes. Dessa maneira, os funkeiros conseguem emplacar hits e marcar apresentações, que garantem seus salários. "A pirataria é ruim porque, com ela, perdemos todos os direitos sobre a obra. Mas, como o funk é independente, não tem gravadora, isso acaba sendo revertido em shows", afirma o empresário.

Rádios comunitárias
Além da pirataria, outro meio de divulgação do funk paulista são as rádios comunitárias. Fernandes conta que há dezenas delas espalhadas pela Baixada Santista com programação especialmente dedicada ao funk -carioca e da região.
Recentemente, a promoção do funk na Baixada Santista ganhou uma poderosa aliada: a televisão. Há três semanas, a retransmissora da Rede TV! na região passou a exibir o "Litoral Funk na TV", programa que vai ao ar sempre aos sábados, das 13h30 às 14h.
Por fim, os salões de cabeleireiro da periferia também entram na lista de promotores. Além de vender os CDs de funk e divulgar os flyers das baladas, aos sábados, os salões costumam ser freqüentados pelos MCs, que fazem sessões de sobrancelha e cabelo -sim, figurões do funk da Baixada Santista, como Dinho da VP e Renatinho, são muito vaidosos.
"O público dos bailes mudou muito. Antigamente era só o pessoal da comunidade que curtia", explica o MC Primo. "Hoje, há pessoas que moram em apartamentos de frente para a praia. Os funkeiros não querem ficar por baixo da playboyzada, que vai de tênis novo, roupa nova e acaba pegando a mulherada. A molecada da periferia também quer se vestir bem para passar uma boa imagem." (ADRIANA FERREIRA SILVA)


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