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Músico vai a Los Angeles sem sair de SP
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
As imagens do filme "O Amor
nos Tempos do Cólera", produção americana dirigida pelo
britânico Mike Newell, com Javier Bardem no papel principal,
nada têm a ver com o Brasil.
Mas a trilha sonora da adaptação cinematográfica do romance de Gabriel García Márquez está sendo composta num
estúdio próximo do estádio Pacaembu. É de lá que o compositor Antonio Pinto realiza a façanha de morar em São Paulo e
trabalhar em Los Angeles.
"Não tenho interesse em sair
do Brasil. Tenho a sorte de poder fazer esses trabalhos aqui",
afirma o músico.
Sorte apenas não basta para
construir uma carreira em
Hollywood. Mas certamente
ajuda e, nesse quesito, Pinto,
que é filho do cartunista Ziraldo, não tem do que reclamar.
Admirador de cinema que fazia trilhas para publicidade,
Pinto estreou em longas pelas
mãos do cineasta Walter Salles.
Quando "Central do Brasil"
recebeu duas indicações ao Oscar -melhor filme estrangeiro
e atriz (Fernanda Montenegro)-, Pinto foi à cerimônia de
entrega das estatuetas, em
1999, "pela festa, pela diversão,
e sem nenhuma ilusão de que
chegaria em Los Angeles e entraria no mercado internacional ou qualquer coisa assim".
Um encontro com uma agente de Hollywood sepultou qualquer pretensão. "Ela me desencorajou totalmente e de maneira bombástica. Disse que havia
em Los Angeles umas três
agências, com 300 compositores cada uma, que disputavam
os trabalhos", diz Pinto, 39.
O compositor voltou a Hollywood e à entrega dos Oscar cinco anos depois disso, quando
"Cidade de Deus", de Fernando
Meirelles, no qual assina a trilha, teve quatro indicações (direção, fotografia, montagem e
roteiro adaptado).
Antes de embarcar, Pinto recebeu o telefonema de um tal
Brice Gaeta, que dizia querer
representá-lo em Hollywood.
"Imaginei estar falando com
um cara barrigudo, bebendo
cerveja e vendo TV no meio do
Texas", relembra. Não era bem
assim. Jovem e descolado, Gaeta esperou o brasileiro em Los
Angeles com uma reunião
agendada com o cineasta Michael Mann.
Como "não fazia a menor
idéia de quem era Michael
Mann", Pinto tratou-o com a
maior naturalidade e falta de
cerimônia. Sorte, acredita.
"Ele ficou à vontade comigo e
me chamou para ver umas cenas do filme que estava fazendo. Quando olhei, o Tom Cruise
e o Jamie Foxx estavam na tela.
Era "Colateral", para o qual
Pinto fez parte da trilha.
Para que sua carreira internacional prosseguisse, em filmes como "Senhor da Guerra",
estrelado por Nicolas Cage,
Pinto acha que contou muito
sua habilidade de "juntar o primo pobre e o primo rico", ou seja, dar um tempero diferente ao
som orquestral que tanto agrada a Hollywood.
O músico já aplicou a mistura
aos inéditos "Estranha Perfeita", com Halle Berry, previsto
para estrear no próximo dia 13,
e "10 Items or Less", com Morgan Freeman e Paz Vega, ainda
sem data de estréia no país.
O sotaque totalmente brasileiro Pinto exercitou outra vez
na trilha sonora de "Cidade dos
Homens", de Paulo Morelli (sócio de Fernando Meirelles),
que será lançado em agosto.
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