São Paulo, quarta-feira, 01 de abril de 2009

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BNDES aumenta em 16% repasses a cinema em 2009

Aumento de R$ 2 milhões em recursos deverá privilegiar produção de documentários em vez de filmes de ficção

Produtores de longas dizem que é difícil ter patrocínio; BNDES diz que foco em documentários se deve à "vocação crescente" do gênero


SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES vai divulgar neste mês as regras para seleção dos projetos audiovisuais que receberão recursos por meio de incentivo fiscal. O edital sai com atraso de um mês em relação ao calendário do ano passado. Os recursos crescerão 16% em relação ao último edital, de R$ 14 milhões para R$ 16 milhões.
O BNDES alega que atrasou a divulgação para dar tempo para que os produtores obtivessem documentos e certificados necessários, além de aguardar o resultado da seleção da Petrobras, previsto para julho. Os projetos precisam do aval do Ministério da Cultura antes para se candidatar aos recursos.
O aumento, no entanto, não vai trazer alívio para os produtores de longas de ficção. Os R$ 2 milhões excedentes - 14% do programa baseado na Lei do Audiovisual - serão destinados à produção de documentários.
Produtores de longas de ficção têm se queixado das dificuldades de fechar o orçamento das produções no último ano. Primeiro, porque a Petrobras passou um ano sem divulgar seu edital, no valor de R$ 20 milhões. Segundo, porque empresas que vinham aumentando o apoio a cinema via leis de incentivo nos últimos anos decidiram rever ou suspender seus programas, após a crise.
Segundo o BNDES, o maior incentivo aos documentários se deve "à vocação crescente deste tipo de produção no cinema brasileiro e mundial".
Com a decisão, os documentários voltam a ter participação superior a 10% no edital de cinema do BNDES. Em 2005 e 2006, o apoio à produção de documentários correspondeu a, respectivamente, 3% e 6% dos recursos do edital de cinema, na casa dos R$ 12 milhões.
A decisão traz a destinação de recursos a documentário a patamares próximos ao período anterior à gestão de Guido Mantega e Carlos Kawall, que dirigiram o banco de 2005 a 2006. No período em que Carlos Lessa presidiu o banco, de 2003 a 2004, os documentários levaram mais de 20% dos R$ 15 milhões das verbas de cinema.


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