São Paulo, Quinta-feira, 01 de Abril de 1999
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TELEVISÃO/CRÍTICA
Nova novela é popular radical

FRANCISCO MARTINS DA COSTA
Editor do TV Folha

Novela popular é um gênero no qual não há espaço para meias-palavras, metáforas ou sutilezas. "Louca Paixão" é um produto que segue essa regra à risca.
Na nova novela da Rede Record, que estreou anteontem à noite, a mocinha meiga foi presa por engano, a carcereira é uma megera masculinizada, o rico galã vive entediado apesar de ter tudo de bom que o dinheiro pode comprar e a cantina é tocada por uma família de italianos barulhentos e de sotaque carregado.
Os personagens iam sendo apresentados e Sandra de Sá cantava ao fundo que "uns nascem para sofrer enquanto outros riem". Deu pra captar a conexão? Hã, hã?
Se a proposta era essa mesmo, "Louca Paixão" cumpre sua meta. A diferença dessa para outras tramas exibidas pela Record é a produção, muito mais caprichada, ainda que com problemas de som.
A trilha sonora reúne alguns dos maiores sucessos do momento nas rádios, como o pagode baiano do Raça Pura e o reggae da banda Nativus. Só pegou mal a cena em que Ingra Liberato, ao som de "Puro Êxtase", do Barão Vermelho, faz um sequestro-relâmpago com Maurício Mattar como refém. Talvez fosse mais adequado um som dos Racionais MC's.
O que mais incomoda é o ar blasé de Maurício Mattar, que não muda de cara nunca, no estilo Schwarzenegger de interpretação. Ele faz a mesma cara quando conversa com a namorada, quando é sequestrado, quando discute com a mãe, quando trabalha na sua revista moderninha e na abertura.
Outro problema são os figurinos. Karina Barum e suas colegas de prisão parecem uma versão adulta das órfãs de "Chiquititas", com aqueles uniformes limpinhos.
A audiência prestigiou a estréia -"Louca Paixão" registrou média de 9 pontos no Ibope (algo como 720 mil telespectadores na Grande São Paulo).
"Estrela de Fogo" terminou na semana passada com média de 7 pontos (cerca de 560 mil telespectadores).


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