|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Marcia Ball mostra ousadia e carisma
Cantora e pianista que toca no Brasil em agosto é atração de hoje no festival de jazz de Nova Orleans
CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS
No Brasil, suas canções atrevidas e embaladas pelo ritmo
do rock'n'roll já teriam rendido
a ela o título de roqueira. Mesmo assim, a cantora e pianista
Marcia Ball, 60, que se apresenta hoje, no palco principal do
40º New Orleans Jazz & Heritage Festival, prefere chamar
sua música de "rhythm'n'blues
de Nova Orleans".
As mais de 5.000 pessoas que
lotaram anteontem a praça Lafayette, no centro dessa cidade,
para ouvi-la e dançar com suas
canções e alguns clássicos do
rhythm'n'blues local, só confirmaram o carisma dessa intérprete e compositora norte-americana.
Ainda inédita no Brasil, Ball e
seu piano poderão ser apreciados pelo público paulista em
agosto. Ela será uma das atrações da sétima edição do Bourbon Street Fest, que já confirmou também em seu elenco a
banda Big Sam's Funky Nation
e o trio do organista Joe Krown.
Embora viva em Austin, no
Texas, desde a década de 1970,
Ball é uma profunda conhecedora da tradição musical de Nova Orleans e se apresenta regularmente no festival da cidade
desde 1978. Quase quatro anos
depois da tragédia desencadeada pelo furacão Katrina, ela
acredita que a cultura local já
não corre mais o perigo de se
descaracterizar.
"A vida em Nova Orleans
nunca foi fácil, exceto para alguns afortunados. Às vezes as
adversidades tornam as pessoas mais fortes. Ao perceber
que seu tesouro cultural foi
ameaçado, os moradores da cidade estão tentando preservá-lo com mais força ainda", disse
a cantora à Folha.
Conhecida por seu repertório recheado de canções de duplo sentido, como "Let Me Play
with Your Poodle" (Deixe-me
brincar com o seu poodle), do
bluesman Tampa Red, ou sua
composição "Love Maker" (Fazedora de amor), Ball garante
que jamais teve problemas com
censura, nem mesmo foi criticada publicamente.
"Isso seria meio absurdo,
porque não faço canções obscenas. As pessoas percebem logo o espírito da coisa: só se trata de um pouco de humor e ironia. "Poodle" é uma das canções
mais populares em meus
shows. As crianças até pensam
que ela se refere a um cachorro", diz ela, rindo.
A plateia do show de anteontem indicou também que a música de Ball atrai diferentes gerações. "Boa parte de meu público envelheceu comigo, mas
hoje o rhythm'n'blues, o soul e
o funk estão na moda entre a
garotada de 20 e poucos anos",
observa a cantora.
O jornalista CARLOS CALADO viajou a convite do Bourbon Street Music Club e do festival Bridgestone Music.
Texto Anterior: Resumo das novelas Próximo Texto: Carlos Heitor Cony: O anão e o príncipe Índice
|