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'Museus são máquinas de marketing'
Régis Michel, conservador-chefe de artes gráficas do Louvre, vê crise cultural na França e critica a proliferação internacional de grandes mostras acadêmicas e oficialescas
LUIZ RENATO MARTINS
ESPECIAL PARA A FOLHA
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise das instituições museológicas, o vídeo como expoente da expressão artística
contemporânea, o conservadorismo da política francesa, a sociedade do controle, as dificuldades de articular uma resistência cultural ao capitalismo.
Em São Paulo desde o dia 16 de
abril, o conservador-chefe do
departamento de Artes Gráficas do Museu do Louvre, Régis
Michel recebeu a Folha para
uma entrevista em que discutiu esses e outros temas.
Avesso a maiores aproximações pessoais -recusou-se a
declarar a idade e a tirar fotos
para esta entrevista-, Michel
aproveitou seu tempo para
apontar uma crise de criatividade na França e questionar o
modelo das grandes instituições oficiais e burocratizadas.
"É um modelo autoritário de
administração cultural que faz
com que procuremos todos os
dias a grandeza e a centralização, quando deveria ser o contrário, deveríamos forçar a descentralização para produzir espaços de liberdade de trabalho.
O verdadeiro trabalho se refugia cada vez mais nas pequenas
instituições", disse.
A crítica engloba o domínio
do Estado -que na França financia 90% do setor- e também o privado. "Eles [os museus] podem ser privados, como nos Estados Unidos; ou públicos, como na França. A questão é que na maior parte eles
são grandes máquinas preocupadas essencialmente com o
marketing, com arranjar dinheiro a todo custo. A serviço
de que está esse dinheiro?"
Durante a estadia no país,
Michel deu conferências na
USP, na Pinacoteca e na Sala
Cinemateca. Amanhã, embarca
para uma série de palestras em
universidades e museus de
Fortaleza, Recife e, possivelmente, Belém do Pará.
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