São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

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Museus ficam menores e autônomos

Proprietários inauguram novos espaços, com dimensões modestas, em que investem em acervos de arte

São Paulo ganha museu com 500 trabalhos; Fundação Vera Chaves Barcellos (RS) tem Sol LeWitt e Regina Silveira


FABIO CYPRIANO
EM VIAMÃO (RS)

Foi em 1997, com a inauguração do Guggenheim de Bilbao, que se cristalizou a ideia de que museus não servem apenas para abrigar arte.
O espaço criado na Espanha mostrou que eles podem também cumprir funções alheias à sua natureza, como alavancar turismo ou revitalizar áreas deterioradas.
Desde então, surgiram muitos museus onde a arte cumpre função secundária.
Só nas últimas duas semanas, dois edifícios com características espetaculares foram inaugurados: o Pompidou de Metz (França), dos arquitetos Shigeru Ban e Jean de Gastines, e, em Roma (Itália), o MAXXI (Museu de Arte do Século 21), de Zaha Hadid.
"Esses projetos grandes começaram antes da crise e fazem parte de um modelo que já está sendo alterado. Não dá mais para se apoiar apenas em grandes obras", diz José do Nascimento Junior, diretor do Ibram (Instituto Brasileiro dos Museus).
Assim, com características opostas ao Guggenheim, estão surgindo no Brasil, instituições que têm, com espaços modestos, a arte e o colecionismo como suas principais marcas.
É o caso da Fundação Vera Chaves Barcellos, iniciativa da artista Vera Chaves Barcellos e de seu marido, Patrício Farias, aberta ao público no último sábado, em Viamão, na Grande Porto Alegre.
Apesar de ter como área expositiva apenas 400 m2, a fundação surge com um acervo de cerca de 1.300 obras, entras elas trabalhos de Sol LeWitt, Sean Scully e Regina Silveira, todos presentes na mostra de abertura, "Silêncios e Sussurros".
A microfísica da arte, para Barcellos, é uma vantagem: "Ter essa dimensão nos dá mais independência". Para a construção do novo espaço, foram gastos cerca de R$ 100 mil, custeados pela artista.
A fundação já ganhou editais do Ministério da Cultura para constituição de acervo.
Já em São Paulo, há dois meses, foi aberto um espaço com situação similar, também com cerca de 400 m2 de área expositiva: o Museu Privado de Arte Contemporânea, do colecionador Oswaldo Costa.
Aposentado recentemente, Costa custeou toda a reforma de um espaço em Pinheiros, para abrigar sua coleção com cerca de 500 trabalhos. "Eu não uso a lei de incentivo para não ficar devendo nada a ninguém e não ter constrangimento", diz Costa.
Em 2011, será inaugurado o Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba, na cidade paulista, também com dimensão modesta, mas tendo o acervo como eixo central.


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