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Poeta Ferreira Gullar vence Prêmio Camões de literatura
"Estou muito surpreso, não imaginei que fosse acontecer", diz
MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO
O poeta Ferreira Gullar, 79,
autor de "A Luta Corporal"
(1954), "Poema Sujo" (1975) e
"Muitas Vozes" (1999), entre
outros livros, conquistou ontem o Prêmio Camões.
Criado em 1988 pelos governos do Brasil e de Portugal, o Camões é o principal
prêmio da literatura em língua portuguesa.
O escritor receberá 100 mil
euros (cerca de R$ 222 mil).
Gullar participava de um
evento literário em Monteiro
Lobato, cidade do interior de
São Paulo, quando o prêmio
foi anunciado, em Lisboa.
"Estou muito surpreso,
confesso que jamais imaginei que isso fosse acontecer.
Esqueci até que a decisão seria agora. Acho que Monteiro
Lobato me deu sorte", disse.
Gullar estava na fazenda
Sítio do Pica-Pau Amarelo,
onde Lobato escreveu muitos
de seus contos e romances,
quando foi avisado pelo amigo e membro da Academia
Brasileira de Letras Antonio
Carlos Secchin.
Sobre o dinheiro, Gullar
disse não ter ainda a mínima
ideia do que fazer com ele.
"É o que menos me preocupa. Estou muito honrado
por ter ganhado o prêmio
mais importante da nossa
língua. Portugal tem uma
certa simpatia por mim, o
que muito me honra. Até porque sou neto de português."
Gullar completa 80 anos
em setembro, quando também lançará um livro inédito
de poesia, "Em Alguma Parte
Alguma", pela editora José
Olympio.
Além dos poemas, já escreveu crônicas, ensaios literários, livro de memórias, peças de teatro e roteiros para
TV. Hoje é colunista do caderno Ilustrada, da Folha.
Considerado pela crítica
um dos maiores poetas do
país, Ferreira Gullar é o nono
brasileiro a receber o Prêmio
Camões. Em 2002, seu nome
esteve entre os cotados para
o Nobel de Literatura.
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