São Paulo, quarta-feira, 01 de junho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Voz do desejo

Vivendo em São Paulo, Marina Lima lança "Clímax", álbum de canções inéditas, e afirma que, aos 54 anos, seu furor vai além do sexo

Karime Xavier/ Folhapress
Marina Lima em São Paulo, onde vive desde o ano passado

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Só não me venha mais com amor. É isso que pede Marina Lima, 54, na faixa que abre "Clímax", seu novo álbum.
Em troca, ela promete "noites de incendiar o lençol", "noites de ver estrelas sob o teto do quarto", "noites inteiras com manobras de risco no ato" -"só não me venha mais com amor".
Composto entre seus últimos dias no Rio de Janeiro, onde nasceu, e os primeiros em São Paulo, para onde se mudou no ano passado, é o único de sua discografia autoral em que Antonio Cicero, irmão e principal letrista, não está presente.
Com ele, fez clássicos do pop nacional, como "Fullgás", "Virgem", "Pra Começar" e "Acontecimentos". Em vez de Cicero, entram as primeiras parcerias de Marina com Adriana Calcanhotto, Edgard Scandurra, Karina Buhr e Samuel Rosa (Skank).

 


Folha - O sexo é a força motriz do novo trabalho?
Marina Lima -
Esse não é um disco de travessia, ele é de ápice. [A palavra] clímax tem uma conotação sexual. Mas tem, sobretudo, uma conotação de auge de um enredo. Tenho mais de 50 anos e me sinto, no físico, na saúde, em sabedoria, maturidade e experiência, no auge da minha vida. Passei por muitas coisas que agora não me derrubam mais. Esse ápice, portanto, não é de tristeza.

É de quê?
É de muito desejo. Apesar de a mulher com tal idade não ter mais tanto desejo, eu ainda me apaixono bastante por pessoas. Mas o desejo a que me refiro é muito mais abrangente, vai além de sexo. A vida me dá desejo e esse desejo me move. Cheguei ao ápice da minha busca.

E o que vem depois do ápice?
Ainda quero fazer uma obra-prima artística com tudo isso que aprendi, que sofri. Sentir dores fortes e não estar mais com nenhum tipo de ressentimento ou tristeza.

Esse "só não me venha mais com amor" é um grito feminista? Há algum parentesco entre esta e aquela sua outra canção que pergunta "por que as mulheres também não podem ter a sua sauna gay"?
Esse raciocínio é bom. Mas há um grande porém aí. Quando fiz aquela música com Cicero, queríamos mesmo falar de uma sauna gay. Nesta, eu e Adriana [Calcanhotto] não estamos preocupadas se quem não quer mais amor é uma mulher ou um homem. Nas nossas conversas íntimas, esse sentido é muito claro. Mas, na letra, isso não é explícito.

Esse é seu primeiro álbum autoral, desde a estreia, em 1979, em que seu irmão Antonio Cicero não surge como letrista. O que aconteceu?
Isso dá o capítulo de um livro, mas vou tentar resumir.


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: 'Tivemos que rever nossas vidas'
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.