São Paulo, segunda, 1 de junho de 1998

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TELEVISÃO
Hilda Furacão é moça do tempo de Juscelino

TELMO MARTINO
Colunista da Folha

Garantem que houve uma espiã que abalou Paris. Afirmam que Nova York foi conquistada por uma mulher de grande beleza. Agora, segundo o testemunho de um mineiro ("Drummond? Deve ser parente do barão."), houve uma tal de Hilda que varreu Belô como se fosse um furacão. Como a TV Globo acreditou nessa mineirice, temos, no momento, "Hilda Furacão", como a mais nova minissérie da emissora.
E quem é toda essa ventania? Ana Paula Arósio, a Brooke Shields das agências de publicidade de São Paulo. "Sabe quantos anos tem a mulher fatal daquele comercial? 15 anos." Ela não cansou de todo da atividade. Num dos intervalos, ela aparece garantindo uns trocados com a venda de um sabonete líquido. Não sabe que isso prejudica sua vontade de recuperar, só para nós, a presença de Liz Taylor quando moçoila.
Hilda Ventania, isto é, Furacão, é moça do tempo do Juscelino no poder e do Che Guevara na parede. Desfila de maiô dourado com beleza e desenvoltura de quem é capaz de um mergulho na piscina ainda cheia da Esther Williams. Mas a classe média de Belô não dá pé. Não se pode ser bonita assim nas Gerais. Que desperdício de Moonlight Serenade.
Mamãe Eliane Giardini assusta qualquer futuro. Hilda encontrou o noivo adequado. Não é comunista como o Danton Mello nem vaidoso como o "star struck" Tiago Lacerda nem tão apaixonado com o frade Rodrigo Santoro. Tem frade na história? Que cenas teremos quando Hilda tiver seus momentos de furacão no lupanar em que se hospeda e trabalha. Fica numa pracinha onde se ouve sempre alguém cantar "C'est Si Bon". Belô não é mesmo uma "beauté"? Paris uma rival.
Hilda e seu furacão chegam lá depois de uma conversinha com o baralho da Arlete Sales. Embora pouco inspirado, com uma história de "ninguém foge de seu destino", Hilda vê sua rosinha dos ventos um tanto desnorteada. Quando a mãe Giardini diz que sua grinalda é igualzinha à de Grace Kelly, ela começa a se sentir empurrada. Não demora muito, o véu que era da noiva Hilda vira cortina de bordel, onde ela pretende ser furacão.
Também essa burguesia mineira é de um fogo que só furacão apaga. Na cidade onde o pai do comunista Danton Mello agoniza, as tias solteironas estão em brasas. A Valderez de Barros vai ao confessionário tentar excitar o padre Paulo Autran com seus devaneios sensuais e é condenada a penitências que nem o livro "Guiness" se atreve a incluir entre seus recordes. Furacão já.



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