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TELEVISÃO
Hilda Furacão é moça do tempo de Juscelino
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Garantem que houve uma espiã
que abalou Paris. Afirmam que
Nova York foi conquistada por
uma mulher de grande beleza.
Agora, segundo o testemunho de
um mineiro ("Drummond? Deve
ser parente do barão."), houve
uma tal de Hilda que varreu Belô
como se fosse um furacão. Como
a TV Globo acreditou nessa mineirice, temos, no momento,
"Hilda Furacão", como a mais
nova minissérie da emissora.
E quem é toda essa ventania?
Ana Paula Arósio, a Brooke
Shields das agências de publicidade de São Paulo. "Sabe quantos anos tem a mulher fatal daquele comercial? 15 anos." Ela
não cansou de todo da atividade.
Num dos intervalos, ela aparece
garantindo uns trocados com a
venda de um sabonete líquido.
Não sabe que isso prejudica sua
vontade de recuperar, só para
nós, a presença de Liz Taylor
quando moçoila.
Hilda Ventania, isto é, Furacão, é moça do tempo do Juscelino no poder e do Che Guevara na
parede. Desfila de maiô dourado
com beleza e desenvoltura de
quem é capaz de um mergulho na
piscina ainda cheia da Esther
Williams. Mas a classe média de
Belô não dá pé. Não se pode ser
bonita assim nas Gerais. Que desperdício de Moonlight Serenade.
Mamãe Eliane Giardini assusta
qualquer futuro. Hilda encontrou o noivo adequado. Não é
comunista como o Danton Mello
nem vaidoso como o "star struck"
Tiago Lacerda nem tão apaixonado com o frade Rodrigo Santoro. Tem frade na história? Que
cenas teremos quando Hilda tiver seus momentos de furacão no
lupanar em que se hospeda e trabalha. Fica numa pracinha onde
se ouve sempre alguém cantar
"C'est Si Bon". Belô não é mesmo
uma "beauté"? Paris uma rival.
Hilda e seu furacão chegam lá
depois de uma conversinha com o
baralho da Arlete Sales. Embora
pouco inspirado, com uma história de "ninguém foge de seu destino", Hilda vê sua rosinha dos
ventos um tanto desnorteada.
Quando a mãe Giardini diz que
sua grinalda é igualzinha à de
Grace Kelly, ela começa a se sentir empurrada. Não demora muito, o véu que era da noiva Hilda
vira cortina de bordel, onde ela
pretende ser furacão.
Também essa burguesia mineira é de um fogo que só furacão
apaga. Na cidade onde o pai do
comunista Danton Mello agoniza, as tias solteironas estão em
brasas. A Valderez de Barros vai
ao confessionário tentar excitar o
padre Paulo Autran com seus devaneios sensuais e é condenada a
penitências que nem o livro "Guiness" se atreve a incluir entre
seus recordes. Furacão já.
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