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LEI
Senado pretende criar conselho comunitário para debater programação
Sociedade pode controlar de rádio e TV
ANNA LEE
da Sucursal do Rio
O Senado pretende criar um
"conselho comunitário" para
controlar a programação de rádio
e TV no Brasil.
A decisão consta do relatório final preparado por uma comissão
especial do Senado que analisou
os programas exibidos pelas rádios e televisões brasileiras.
Entre outros itens, recomenda:
"Que a lei coíba a utilização das
frustrações e das fantasias de natureza sexual para fins mercantis e a
utilização da violência para fins de
audiência".
"Não existe hoje nada que influencie mais a formação do povo
brasileiro do que a televisão. É
mais importante que a própria família, que a escola e a religião",
disse o senador Pedro Simon
(PMDB-RS), relator da comissão.
Vulnerabilidade
Por isso, segundo ele, o público
infantil foi uma das principais
preocupações dos senadores que
analisaram os programas da televisão brasileira.
"Quando se fala em baixaria na
telinha, sabemos que as crianças
são mais atingidas do que os adultos, por serem psicologicamente
vulneráveis e por não terem meios
de criticar adequadamente as informações às quais são expostas",
escreveu Simon no relatório final.
O relatório ainda pergunta: "Será que se pode considerar os programas de auditório de Angélica,
Xuxa, Gugu Liberato, Faustão e
outros como peças estratégicas na
formação moral, estética e intelectual de nossas crianças?".
A comissão do Senado passou
dois anos e meio (de junho de 1995
a dezembro de 1997) analisando a
programação da televisão brasileira, mas não conseguiu encontrar
uma resposta.
"A intenção nem era essa. Com
o relatório pretendemos criar um
debate. Não somos favoráveis a
uma censura legal, porque sabemos que isso normalmente termina muito mal", disse o senador.
Conselho
Segundo ele, a proposta é instituir "um conselho comunitário,
em que vários setores da sociedade opinem sobre a programação".
O senador afirmou que esse conselho teria que ser diferente do
previsto pela Constituição de 88,
no qual "quem manda são os donos de televisão". Ele não explicou, porém, como o novo conselho seria constituído exatamente.
"Torre de Babel"
De qualquer forma, Simon já encontrou um caminho para iniciar
o debate proposto pelo relatório.
Ainda não assistiu à nova novela
das oito da Globo, "Torre de Babel", mas, pelo que já ouviu sobre
as cenas de sexo e violência exibidas na primeira semana, sabe que
"é altamente polêmica".
"A novela cai sob medida para a
comissão. Vai causar repercussão
e, com isso, possibilitar o debate
que estamos propondo. Se fosse
água com açúcar, esvaziaria as
questões levantadas pelo relatório."
Segundo o senador, "Torre de
Babel" "é a prova de que quem faz
a televisão brasileira é o Ibope".
"O Ratinho, com as cenas chocantes que apresenta em seu programa ('Ratinho Livre', da Record), mudou o cenário da disputa pela audiência na televisão brasileira. Pelo jeito, para reagir, a
Globo fez para o horário nobre um
programa semelhante, só que com
o padrão de qualidade global."
Em novembro do ano passado, o
Datafolha entrevistou 642 telespectadores e concluiu que 75% são
a favor de que exista algum tipo de
controle sobre as programações
da emissoras de TV.
Com relação ao órgão responsável pela fiscalização, 46% dos entrevistados disse que os donos das
emissoras deveriam exercer o
controle, 8% respondeu que a sociedade deveria desempenhar essa
função e 20% disse que o governo
deveria exercer controle.
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