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PELO BRASIL
Encontro em BH debate teatro no mundo
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Começa hoje em Belo Horizonte
o Encontro Mundial das Artes Cênicas, que reunirá, até a próxima
segunda, atores, diretores, dramaturgos e pensadores do teatro. O
evento é formado por um extenso
fórum de debates e também por
três espetáculos.
Uma das figuras mais importantes que está em Belo Horizonte é o
teatrólogo italiano Marco de Marinis, 49, professor de história do espetáculo na Universidade de Bolonha (Itália).
Na quarta, De Marinis participará do debate "A Formação do Diretor e a Ruptura dos Limites do
Teatro Contemporâneo". Leia os
principais trechos da entrevista
concedida por De Marinis à Folha.
Folha - Como o sr. vê a realização
de espetáculos teatrais exibidos a
espectadores de diferentes países
sem recorrer ao uso de legendas?
Marco de Marinis - A arte do
ator, quando alcança certo nível de
qualidade, é internacional. Consegue ir além das dificuldades linguísticas. Sua comunicação se baseia nos limites não-verbais e na
capacidade que o ator tem de entrar em sintonia com o público.
Os elementos transculturais estão na base do trabalho do ator e
são similares nas várias culturas.
Eles modelam a ação cênica e estão
presentes tanto no teatro europeu
quanto no teatro ocidental.
Folha - Não é necessário um movimento de resistência cultural em
um mundo cada vez mais globalizado?
De Marinis - Numa época de
globalização, não se pode falar de
pureza de culturas. Há uma situação de sincretismo cultural. Mas é
preciso distinguir: interculturalismo é uma coisa, e transculturalismo é outra. Interculturalismo é
como fazem alguns diretores que
misturam Shakespeare ou tragédia
grega com teatro japonês. O transculturalismo vai ver o que é comum a todas as culturas, respeitando as diferenças.
Folha - Qual o sr. prefere?
De Marinis - Penso que as duas
coisas podem conviver. (O diretor
e dramaturgo) Peter Brook foi criticado porque se apropriou de elementos culturais de fundo da Índia em "Mahabharata". Eu compreendo as críticas, porque se trata
de uma defesa da identidade cultural, mas não concordo com elas.
Folha - O que o sr. pode adiantar
sobre sua conferência no fórum de
debates?
De Marinis - Vou falar da evolução da figura do diretor no século
20, do diretor ditador ao diretor
pedagogo. E discutirei a aproximação da montagem cênica e da
montagem cinematográfica. Dario
Fo é um mestre nisso. Ele muda as
objetivas e os enquadramentos na
cena como o cinema faz.
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