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Arquivos de Corrêa
do Lago são abertos
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
O maior acervo privado de documentos históricos do Brasil foi adquirido para fazer parte do Memorial do Rio Grande do Sul. A coleção, composta de quase 16 mil manuscritos, está sendo catalogada
na capital gaúcha.
O acervo foi comprado por R$
1,9 milhão pela indústria de cigarros Souza Cruz junto ao colecionador Pedro Corrêa do Lago, 40,
neto do ex-diplomata Oswaldo
Aranha.
A empresa doou a coleção ao
memorial, cujas aquisições são
amparadas na Lei de Incentivo à
Cultura.
Reconhecida internacionalmente por sua amplitude e variedade, a
coleção reúne cartas, manuscritos, fotos e gravuras de todos os
governantes, desde os reis de Portugal até os presidentes da República, além de personagens como
Maurício de Nassau, Lampião e
Padre Cícero, entre outros.
Entre as raridades, está um papel
assinado por Tiradentes e correspondências entre d. Pedro 1º e sua
irmã, Isabel Maria, em 1826.
A coleção abriga ainda 520 documentos relacionados com a política e a cultura de países do Prata.
Há, por exemplo, escritos do libertador argentino San Martín e
do escritor Jorge Luis Borges.
Corrêa do Lago, que é livreiro,
disse que se desfez do acervo porque "estava muito difícil cuidar
de quase 16 mil documentos".
Os documentos foram juntados
ao longo de 25 anos (aos 18, Lago
já frequentava leilões na Europa).
"Descobrir manuscritos ou cartas que motivaram decisões importantes ou sentimentos profundos é, para mim, uma janela para
o passado, o que me torna coadjuvante dos fatos", disse.
O prédio onde funcionará o Memorial do Rio Grande do Sul,
construído no início do século,
deve ter sua restauração concluída
em setembro.
O local, ao lado da praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre, será aberto ao público em
abril de 1999.
O memorial é uma iniciativa do
governo do Estado, Fundação Roberto Marinho, RBS (empresa de
comunicações gaúcha) e do Banco
Real.
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