PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

É o mesmo show que João Gilberto apresentou em junho no Carnegie Hall (EUA), afirma o boletim informativo do Tom Brasil, sobre os shows que o artista faz entre amanhã e domingo na casa.
Trata-se já de licença poética, pois o eleitorado de João costuma se dividir entre os que acham que ele faz sempre o mesmo show (seja no Carnegie Hall ou em outro lugar qualquer) e os que crêem que cada apresentação do papa da bossa é única e irreproduzível.
Aconteça o que acontecer, o previsível e o imprevisível dançam de mãos dadas na ciranda de João. Se o show for igual ao do Carnegie Hall (que marcou o 40º aniversário da primeira apresentação da bossa nova naquele mesmo local), haverá "Garota de Ipanema", "Desafinado", "O Pato", "Chega de Saudade". Se não for, provavelmente também.
Lá, João cantou por quase duas horas e meia e fez um bis de seis músicas. No total cantou 32, de clássicos da bossa como "Corcovado" (de Tom Jobim) às habituais relíquias do cancioneiro brasileiro transformadas por ele em bossa nova.
Mais sujeitas a variações dia por dia, estiveram no repertório de junho em Nova York peças da MPB tornadas standards na reinterpretação de João, como "Ave Maria no Morro", "Bolinha de Papel", "A Primeira Vez" etc.
Naquele show, João deu ênfase a seu repertório em inglês (""S Wonderful"), espanhol ("Besame Mucho"), italiano ("Estate"). Se não repetir o acento gringo, há as promessas do Tom Brasil de que cantará Pixinguinha, Dorival Caymmi, Ary Barroso, Custódio Mesquita, Joubert de Carvalho, Bororó, Chico Buarque...
Se algum grau de surpresa for possível, pode vir de repertório a ser incluído no próximo disco de João pela Universal. As gravações estiveram marcadas para começar no início de 2002, mas não começaram até hoje, segundo a gravadora. Resta prestar atenção se João interpretará alguma inédita neste fim de semana.