São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

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HIP HOP

Programação, que se realiza pela terceira vez, durará o mês inteiro, interligando cultura, música, arte e política

D2 abre festividades do "Agosto Negro"

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

O festival de hip hop "Agosto Negro" chega à terceira edição, tomando todo este mês numa extensa programação que começa com o carioca Marcelo D2, hoje, no bulevar São João, e atinge ápice no dia 28, com show dos paulistas Racionais MC's na praça Charles Müller, no Pacaembu.
Elaborado pela Coordenadoria Especial da Juventude da Prefeitura de São Paulo, o evento compreende shows, exibições de filmes e peças teatrais, debates etc. Inclui ainda uma instalação da artista plástica Pinky Wainer no Pátio do Colégio, tematizando o aumento da taxa de homicídios entre jovens brasileiros.
Apesar da ligação entre integrantes do movimento hip hop e o PT, o coordenador do "Agosto Negro", Alexandre Youssef, 29, afirma que o festival não terá qualquer vinculação partidária ou eleitoral. "Buscamos parceria com a Oi para o material gráfico, sabendo do impedimento, pela lei eleitoral, de a prefeitura imprimir qualquer material de publicidade", exemplifica.
Neste ano, a infra-estrutura dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) será amplamente utilizada, para shows, filmes, peças e debates sobre literatura.
"Há visões que não dão importância ou não compreendem o que acontece na periferia de São Paulo. Felizmente o poder público de São Paulo, não só o municipal como também o estadual, tem compreendido isso", diz.
Como novidade da edição 2004, os rappers e curadores KL Jay e Xis prepararam um CD de 14 faixas com artistas que já estiveram no festival, cuja renda será em parte revertida à Associação Pró-Falcêmicos. A instituição atua no combate da anemia falciforme, doença que tem maior incidência na população negra -receberá 2% da renda obtida com a vendagem do CD.
Youssef fala do balanço entre possíveis abordagens sociais e políticas e a mera festividade, discussão que já atinge eventos de minorias, como a Parada Gay de São Paulo. "Tudo faz parte da consolidação do "Agosto Negro". A questão social já está presente, mas pode crescer mais ainda no futuro."
Por enquanto, o foco do festival e de seu nome ainda parece limitar a cultura negra ao hip hop, o hip hop à cultura negra.


AGOSTO NEGRO. Início hoje, às 14h, com show de Marcelo D2, no bulevar São João/praça do Correio (centro), com entrada franca. Leia programação completa do festival no site www.agostonegro.com.br.


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