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MÚSICA
DJ canadense conta sobre seu primeiro disco e a paixão pelo futebol
Tiga traz seu set eclético
a São Paulo em setembro
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Se alguém criar um "dream
team" da música eletrônica, a
chance de o mirrado Tiga ser escalado é grande. Pois este DJ canadense é titular de outro "time
dos sonhos": é o auto-intitulado
"Electro-Punk-Funk-All Star-Team". Ele conta melhor essa história -"pela primeira vez".
"Adoro futebol, jogo três vezes
por semana em Montréal, mas
sinto falta quando viajo. Então resolvi formar um time com outros
DJs, como James Murphy [LCD
Soundsystem], David e Stephen
Dewaele [2ManyDJs], Headman e
DJ Hell. Já jogamos duas vezes: a
última, durante o Sónar, na Espanha. Ganhamos de um time de ingleses com um gol meu!"
Tiga adora futebol, adora o Brasil e adora falar sobre música. A
conversa com a Folha é motivada
por sua vinda ao país. Tocará em
São Paulo, no Espaço das Américas, em 9 de setembro, e, no dia
seguinte, no Brasília Music Festival, no estádio Mané Garrincha.
Antes de entrar em campo, as
apresentações. Quando se fala em
clubes e festas de música eletrônica, é comum vir à mente a imagem de um DJ tocando músicas
das quais não fazemos a mínima
idéia de seus nomes, quase iguais
entre si e com batidas repetitivas
-coisa muito chata às vezes. Há
gente que tenta fugir disso, dar
uma cara às suas canções e seus
sets. Principalmente Tiga.
Quando ele toca, pode-se ouvir
electro, o funk de M.I.A., rock, faixas obscuras de tecno, disco.
Quando ele produz, saem coisas
como os remixes de "Shake Yer
Dix" (da Peaches), "E-Talking"
(Soulwax), "Hot in Herre" (do
rapper Nelly) e "Washing Up"
(Thomas Anderson) e canções
próprias, como "Sunglasses at
Night" e "Pleasure from the
Bass". São músicas que povoaram
as pistas no mundo todo.
Caso especial é "Washing Up",
o hit da hora que vem sendo tocado por todo mundo, desde os ingleses James Lavelle e Carl Cox
aos belgas 2ManyDJs, passando
pelo carioca Maurício Lopes.
Disputado por estrelas pop para
mexer em suas canções, Tiga conta os segredos para realizar um remix. "Há alguns truques. Primeiro, deve-se escolher uma canção
que tenha alguma falha, algo que
tenha de ser corrigido. Não dá para remixar uma música perfeita.
Segundo, dar algo pessoal à faixa,
mesmo se for apenas um sussurro, pois assim lembrarão de você.
Terceiro, testá-la. Toco muito como DJ, então consigo testar a canção nas pistas. Se ela não levanta o
público, é porque não está boa."
Ele dá exemplo. "Sobre o remix
de "Washing Up': a original é muito boa, mas não perfeita. Então
mantive as melhores partes e adicionei alguns elementos. Na primeira vez que a toquei, em Portugal, a reação foi boa, mas vi que
uma batida de bateria poderia ser
mais forte, que a parada no meio
da canção estava muito longa...
Então fiz rearranjos. Na outra
noite, toquei na Rússia e foi incrível. O público não mente."
E quais as canções perfeitas, que
Tiga não ousaria colocar as mãos?
""Ashes to Ashes" [Bowie], ou "Enjoy the Silence" [Depeche Mode].
Se o New Order pedisse para remixar "Blue Monday", diria não."
Tiga é comumente chamado de
DJ de electro, algo que ele considera reducionista. "O que acontece é que minhas primeiras músicas de sucesso eram electro, mas
vejo o electro mais como um estilo do tecno." Mas ele diz evitar o
purismo. "Adoro o tecno puro.
Adoro ouvir Richie Hawtin ou
Marco Carola tocarem, mas não a
noite toda. Fico entediado depois
de uns 45 minutos com esse purismo. Há tanta música por aí, um
bom DJ tem que achar um jeito de
misturar essas influências. É isso
o que acho interessante na gastronomia, na literatura..."
Tiga apareceu há cerca de cinco
anos, junto com outros nomes do
electro do selo alemão International DeeJay Gigolos. "Havia muito
hype na época, mas porque era
uma música diferente. É a velha
história: os que têm qualidade, ficam. Já o electroclash de Nova
York, Los Angeles e Londres veio
com uns dois anos de atraso."
Em janeiro, o canadense lança
seu primeiro disco. Tendo discotecado em dezenas de países, lembra histórias curiosas: "Já toquei
com um cara fantasiado de Robin
Hood na cabine. Aquilo foi ridículo. Na Dinamarca, um louco
subiu na cabine e me mordeu na
bunda, como um cachorro. E ficou quase um minuto ali. Tirei as
calças e estava inflamada. Parece
engraçado, mas doeu muito."
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